Por Jessica Jones
MADRI (Reuters) - A Espanha reabrirá suas fronteiras para o turismo em julho e o Campeonato Espanhol de futebol voltará ainda antes, em junho, informou neste sábado o primeiro-ministro do país, seguindo a reabertura gradual do país, que adotou um dos 'lockdowns' — restrição de circulação — mais restritivos do mundo.
Os dois anúncios feitos pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, coincidiram com pedidos de renúncia pelo partido de extrema-direita Vox, em razão do impacto do lockdown nos empregos e na economia. O Vox convocou um protesto em várias cidades do país e reuniu milhares de pessoas em carreatas.
“A partir de julho, o turismo estrangeiro retornará em condições seguras. Vamos garantir que os turistas que cheguem não corram qualquer risco, nem tragam qualquer risco a nós”, afirmou Sánchez em uma coletiva de imprensa, sem dar detalhes adicionais.
Os visitantes estrangeiros contribuem com aproximadamente um oitavo do PIB espanhol, e as medidas do governo, tomadas para conter a pandemia em um dos países europeus mais atingidos, causaram o fechamento de hotéis, bares e restaurantes, além de praias e parques, em um momento em que a temporada de turismo começaria a esquentar. Cerca de um milhão de empregos foram perdidos apenas em março, quando começou o lockdown, e o Banco da Espanha previu que a economia encolherá 12% neste ano.
Sánchez também afirmou que outro evento que movimenta muito dinheiro na nação, o Campeonato Espanhol de futebol, voltará no dia 8 de junho.
Os manifestantes deste sábado pediram que Sánchez e o vice-premiê, Pablo Iglesias — líder do partido de esquerda Podemos, que faz parte da coalizão de governo —, renunciem devido à forma como estão lidando com a crise e, especificamente, pela contração econômica.
“É hora de fazer muito barulho contra o governo do desemprego e da miséria que abandonou nossos autônomos e trabalhadores”, disse o Vox.
O governo disse que o lockdown foi o que controlou a pandemia no país. As medidas de confinamento estão sendo retiradas pouco a pouco, embora moradores de Madri e Barcelona, os epicentros nacionais do vírus, permaneçam em isolamento.
Ambas as cidades amenizarão as restrições na segunda-feira, permitindo jantares fora de casa e aglomerações de até dez pessoas.
A Espanha registrou mais de 28.600 mortes pela COVID-19 e mais de 230 mil casos, e Sánchez afirmou que haverá dez dias de luto nacional pelos mortos a partir da terça-feira.
(Reportagem de Elena Rodríguez, Juan Antonio Domínguez, Sergio Perez e Silvio Castellanos)