Por Paola Luelmo e Jose Elías Rodríguez
MADRI (Reuters) - Espanhóis expressam frustração e raiva nesta quarta-feira ao serem convocados para a quarta eleição em quatro anos, e alguns disseram que não irão às urnas, o que torna mais difícil prever como o impasse político será superado.
A Espanha está em um limbo político desde que os socialistas emergiram como o maior partido na eleição parlamentar de abril, mas sem cadeiras suficientes para governar por conta própria.
Partidos rivais do Parlamento fragmentado não apoiaram os esforços do primeiro-ministro interino, Pedro Sánchez, para formar um governo, e na noite de terça-feira ele convocou uma nova votação para 10 de novembro.
Analistas políticos disseram que os eleitores estão tão cansados de ir às urnas que o comparecimento pode ser menor do que o normal.
"Pela primeira vez, acho que não vou votar, e isso me incomoda muito", disse Ruben, gerente de eventos de 47 anos. "Eles não me representam, esses políticos... eles deveriam estar ouvindo e buscando soluções, não impondo-as".
Na tentativa de mobilizar os apoiadores, líderes políticos logo culparam uns aos outros pela nova eleição. Na semana passada, o instituto de pesquisas GAD3 publicou uma sondagem que estimou um comparecimento de 70% -- quase 6 pontos percentuais menos do que o do pleito de abril.
Pesquisas de opinião mostram que os socialistas podem conseguir mais assentos na próxima votação, mas que continuarão sem uma maioria.
Alguns políticos pediram uma reforma constitucional para romper o impasse no Parlamento. A vice-premiê interina, Carmen Calvo, disse à Cadena Ser (SA:SEER3) na noite de terça-feira que seria "sensato" adaptar as regras eleitorais à nova paisagem política.
Mesmo aqueles que pretendem votar estão frustrados.
"Votarei, mas estou exausto desta situação, causada pela inflexibilidade de todos os políticos", disse Luis Delgado, advogado de 40 anos que seguia para o trabalho no centro de Madri. "Deixe-os tentar defender os interesses da Espanha, ao invés dos seus".
O jornal de inclinação de esquerda El País sublinhou o risco da abstenção alta em um editorial intitulado "A Derradeira Irresponsabilidade" nesta quarta-feira.
"Nossos líderes fracassaram seriamente com esta sociedade", disse o diário em um artigo de opinião separado.
(Reportagem adicional de Marco Trujillo e Elena Rodriguez)