👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Estudo vê fundo do mar como possível origem do óleo que afeta NE; Marinha contesta

Publicado 30.10.2019, 13:37
© Reuters. .
PETR4
-

Por Pedro Fonseca e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - As manchas de petróleo que atingem o litoral do Nordeste brasileiro desde setembro podem ter origem em um grande vazamento abaixo da superfície do mar, afirmou um pesquisador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), após três semanas de processamento de dados.

O pesquisador Humberto Barbosa, do Lapis, identificou um "enorme vazamento de óleo, em formato de meia lua, com 55 quilômetros de extensão e 6 quilômetros de largura, a uma distância de 54 quilômetros da costa do Nordeste", localizado no sul da Bahia, de acordo com comunicado publicado nesta quarta-feira no site da instituição.

As medidas da mancha citadas no estudo compreendem uma área com tamanho semelhante à da cidade de Fortaleza.

Essa possibilidade citada no estudo, contudo, foi contestada nesta quarta-feira pelo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, que apontou como causa mais provável do derrame alguma embarcação que navegava pela costa do país.

Em entrevista à Globonews, o almirante disse que não há indicação de vazamento no fundo do oceano, até porque o governo tem a confirmação de que o petróleo não é brasileiro, e sim venezuelano.[nE6N26402M]

Segundo o Lapis, foi identificado um padrão característico de manchas de óleo no oceano que pode explicar a origem da poluição que atingiu o litoral do Nordeste, com base em imagens do satélite Sentinel-1A, da Agência Espacial Europeia (ESA). O laboratório disponibilizou reproduções das imagens em sua página na internet.

"Ontem tivemos um grande impacto, pois pela primeira vez, encontramos um assinatura espacial diferenciada. Ela mostra que a origem do vazamento pode estar ocorrendo abaixo da superfície do mar. Com isso, levantamos a hipótese de que a poluição pode ter sido causada por um grande vazamento em minas de petróleo ou, pela sua localização, pode ter ocorrido até mesmo na região do Pré-Sal”, disse Barbosa no comunicado do laboratório.

O petróleo do pré-sal é mais leve do que o registrado em outras áreas do Brasil, e o polígono dessa importante região produtora está nas bacias de Campos e Santos, principalmente.

Ao ser confrontado com as declarações do comandante da Marinha, Barbosa disse não poder "dizer com 100% de certeza (que o petróleo veio do fundo do mar) não, mas não posso descartar isso também não".

"A gente não é conclusivo, não pegou uma imagem aleatória, há um processo de análise de imagens que o próprio laboratório fez", comentou.

Mas ele questionou: "Por que as imagens do Sentinel não têm sido usadas antes, em vez de dizer que o fenômeno que ocorreu não é associado ao vazamento?"

As manchas de óleo foram identificadas inicialmente no início de setembro, e já atingiram praias ao longo de mais de 2.000 quilômetros desde então.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Petrobras (SA:PETR4) , o óleo encontrado nas praias brasileiras é venezuelano, e o governo investiga se navios que passaram pelo litoral brasileiro seriam responsáveis pelo incidente.

"É como a montagem de um quebra-cabeça, com peças muito dispersas, que são as manchas muito espalhadas pelas correntezas no Litoral do Nordeste do Brasil, principalmente nas faixas costeiras. De repente, você encontra uma peça-chave, mais lógica, foi o que ocorreu ontem ao encontrar essa imagem. Foi a primeira vez que observamos, para esse caso, uma imagem de satélite que detectou uma faixa da mancha de óleo original, ainda não fragmentada e ainda não carregada pelas correntezas", disse Barbosa.

ORIGEM

O sul da Bahia como possível origem de um eventual vazamento foi questionado por um especialista ouvido pela Reuters, que não descartou a possibilidade de o petróleo vir do fundo do mar.

O professor da Faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), engenheiro ambiental e oceanógrafo, David Zee, disse achar improvável que o petróleo que atinge as praias do Nordeste tenha origem no sul da Bahia, uma vez que as correntes marítimas no local apontado seguem na direção sul e o petróleo pesado que tem alcançado as areias do Nordeste foram até o Maranhão.

"Essa possibilidade que esse ponto tenha sido a origem do problema é muito remota, para não dizer impossível... o petróleo foi até o Maranhão, teria que ter feito a curva no Brasil", disse Zee.

Já o pesquisador da Ufal argumentou que desde a segunda quinzena de abril até agosto os ventos oceânicos na região, alísios, seguem do Sudeste em direção ao Nordeste e "também fazem uma espécie de dobra, contornando o litoral do país", o que explicaria a possibilidade de um eventual vazamento subir para o norte.

© Reuters. .

Mas Zee, da Uerj, tal como Barbosa, da Ufal, não descarta que a mancha observada pela universidade alagoana tenha origem em um vazamento por meio de exsudação natural ou de uma plataforma que esteja produzindo na região.

"A grande questão é que agora todos estão olhando para o mar e descobrindo mazelas", afirmou.

Zee ressaltou que a mancha apontada nas imagens da Ufal não parecem ter vindo de um navio em movimento, linha de investigação seguida pela Marinha.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.