Por Brenda Goh e Muyu Xu
XANGAI/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos intensificaram sua resposta à epidemia do coronavírus nesta sexta-feira, anunciando que está vetada no país a entrada de estrangeiros que estiveram na China nos últimos 14 dias, período de incubação do vírus.
A medida seguiu um alerta anterior para viajantes que colocou a China no mesmo nível de perigo do que Afeganistão e Iraque, e enfureceu Pequim.
Com origem na cidade chinesa de Wuhan, o vírus similar ao da gripe e identificado primeiramente em janeiro resultou em 213 mortes na China, de acordo com as autoridades chinesas de saúde. Wuhan e toda a região de Hubei ao seu entorno estão passando por um período de quarentena.
Mais de 9.800 pessoas foram infectadas na China e mais de 130 casos foram reportados em pelo menos 25 outros países e regiões. Rússia, Reino Unido, Suécia e Itália reportaram seus primeiros casos na quinta ou na sexta-feira.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse na quinta-feira que a epidemia constituía em emergência de saúde pública e de interesse internacional, designação que provoca medidas globais de contenção e coordenação mais intensivas.
"Seguindo a decisão da Organização Mundial de Saúde, eu declarei hoje que o coronavírus representa uma emergência de saúde pública nos Estados Unidos", disse o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Alexa Azar, em entrevista coletiva na tarde de sexta-feira.
A partir de domingo, cidadãos norte-americanos que estiveram em Hubei passariam por quarentena compulsória, anunciou Azar. Estrangeiros que viajaram à China nos últimos 14 dias não terão permissão de entrar no país, acrescentou, citando a necessidade de aliviar as pressões sobre as autoridades.
A medida provavelmente irá enfurecer o governo de Pequim, que acabou de retomar os esfarrapados laços comerciais com Washington. Mais cedo na sexta-feira, o governo chinês criticou o alerta de viagem dos EUA.
"A Organização Mundial da Saúde pediu que os países evitassem restrições de viagem, mas pouco depois disso, os Estados Unidos fizeram o oposto", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.
Outros países também aconselharam seus cidadãos a adiarem viagens não urgentes para a China ou restringiram a entrada de vôos vindos da China ou com destino ao país asiático. Depois de reportar seus primeiros dois casos da doença, a Rússia restringiu nesta sexta-feira seus vôos diretos para a China, seu maior parceiro comercial.
Cingapura, um grande pólo de viagens na Ásia, impediu a entrada de passageiros com histórico de viagens recentes à China e também suspendeu vistos para detentores de passaportes chineses. A maioria das companhias aéreas escolheram cancelar ou reduzir seus vôos, e tripulações de vôo pressionaram transportadoras a agir.