Por Karen Freifeld
(Reuters) - O governo Biden planeja poupar os cidadãos russos do peso dos controles de exportação dos EUA se a Rússia invada a Ucrânia, e se concentrar em atacar setores industriais, disse uma autoridade da Casa Branca.
"Pessoas-chave" também enfrentarão "sanções maciças", disse um alto funcionário do Comércio em uma outra fala na sexta-feira.
Os comentários restringem o escopo de possíveis restrições às importações para a Rússia, que anteriormente foram descritas como preparadas para atingir a economia da Rússia de forma mais ampla, atingindo setores industriais e tecnologias de consumo, como smartphones.
"Não podemos prever todas as ações, mas a intenção é realmente ter medidas que achamos que degradarão as capacidades industriais da Rússia e a capacidade de produção industrial ao longo do tempo, não perseguir consumidores russos individuais e cotidianos", disse o funcionário de segurança nacional da Casa Branca, Peter Harrell, em um discurso virtual para o Massachusetts Export Center na quinta-feira.
Harrell, que faz parte do Conselho de Segurança Nacional, disse que os Estados Unidos estavam preparados, imediatamente após a invasão da Ucrânia, para impor "custos financeiros incapacitantes às principais instituições financeiras russas, bem como para impor uma série de controles de exportação bastante abrangentes que podem degradar a capacidade industrial russa a médio e longo prazo."
A funcionária do Departamento de Comércio Thea Kendler, que falou na mesma reunião na sexta-feira, disse: "Estamos contemplando sanções maciças visando pessoas e indústrias importantes que não estavam na mesa em 2014". Naquele ano, a Rússia invadiu e anexou a Crimeia da Ucrânia.
Três dias atrás, o presidente Joe Biden disse que consideraria sanções pessoais ao presidente russo, Vladimir Putin, se ele enviasse forças para invadir a Ucrânia.
Harrell disse esperar que as centenas de horas que ele e seus colegas passaram nos últimos dois meses desenvolvendo medidas nunca cheguem a ser implementadas, mas que estão preparados fazê-lo se for necessário.
A estratégia dupla inclui sanções financeiras contra as principais instituições financeiras russas "para desencadear a fuga de capitais, para desencadear a inflação, para fazer o banco central russo ser obrigado a resgatar seus bancos... para que Putin sinta os custos no primeiro dia", disse Harrell.
Medidas de controle de exportação seriam anunciadas como parte do pacote, mas provavelmente não teriam os mesmos impactos imediatos e, em vez disso, "degradariam a capacidade da Rússia de ter produção industrial em alguns setores-chave".
Harrell não detalhou os setores, mas outros funcionários da Casa Branca mencionaram aviação, marítima, robótica, inteligência artificial, computação quântica e defesa.
Uma pessoa familiarizada com o assunto disse à Reuters na quinta-feira que o foco estava em setores estratégicos significativos para a liderança russa. Questionado sobre o lucrativo setor de petróleo e gás da Rússia, a pessoa disse que nada estava fora da mesa.
Em um comentário posterior, a porta-voz da Casa Branca, Emily Horne, também disse que nenhuma opção está fora da mesa.
"Nós e nossos aliados temos uma gama completa de sanções de alto impacto e controles de exportação prontos, tanto imediatamente após uma invasão russa quanto nos dias seguintes", disse Horne.
Harrell disse esperar que a União Européia se junte ao esforço. "Com base nas discussões que tenho tido e, francamente, pessoas muito acima de mim... estamos bastante confiantes de que teremos um alto grau de alinhamento com a Europa se a Rússia invadir a Ucrânia."
Fontes disseram que os EUA também podem aplicar uma regra para impedir que empresas no exterior enviem itens como semicondutores fabricados com tecnologia americana para a Rússia, como fez para restringir o fornecimento global de chips para a chinesa Huawei, que considera uma ameaça.
A pessoa familiarizada com o assunto disse na quinta-feira que autoridades dos EUA também estão conversando com Taiwan e Coreia do Sul, onde estão localizados os principais fabricantes de chips, e países do sudeste da Ásia, onde algumas embalagens são feitas.
(Reportagem de Karen Freifeld; reportagem adicional de Alexandra Alper em Washington)