Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou em aberto, na útlima reunião do colegiado em junho, a continuação do ciclo de afrouxamento monetário após derrubar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 3% para 2,25%. Gestores participantes da videoconferência “Novo normal: estratégias e cenários para os mercados financeiros no mundo pós-Covid”, na Expert 2020, divergiram se a autoridade monetária prossegue com o corte da taxa ou vai deixá-la inalterada a partir da próxima reunião.
Para Renato Junqueira, sócio-fundador da Gap Asset, e Fábio Akira, sócio-fundador e economista-chefe da BlueLine Asset, o Copom vai confirmar o eventual "ajuste residual" deixado no comunicado e na ata da reunião e cortar em mais 25 pontos-base a taxa básica de juros. Já Marco Antonio Mecchi, cofundador da MZK, foi enfático ao defender que não haverá mais nenhum corte, por ver no Brasil crescimento superior à média do mercado neste momento - o gestor aposta em queda de 7% no PIB este ano, enquanto a maioria do mercado considera -9%. No último Boletim Focus divulgado segunda-feira pelo Banco Central, os economistas consultados apostam em uma retração de 6,5%.
Por outro lado, em relação ao nível de recuperação da atividade econômica, Akira recomenda cautela e aposta em uma recuperação em forma de “serrote inclinado”, com forte volatilidade, mencionando como fatores de risco a eleição nos EUA, riscos geopolíticos remanescentes, uma segunda onda de Covid-19 e, no Brasil, os ruídos políticos. Para lidar com o risco, segundo Akira, é fundamental considerar diversificação geográfica e apostar em ativos mais resilientes e vê, assim como Mechi, oportunidades de obter retornos importantes no mercado de juros. Diferentemente de Junqueira, que não enxerga mais oportunidades neste mercado.
Mas, houve pontos de convergência entre os três gestores além de pequenas dissonâncias na visão da dinâmica macroeconômica no curto prazo. Os três concordam que a rápida e efetiva ação dos bancos centrais ao redor do mundo foram responsáveis pela criação de um cenário muito positivo para os ativos de risco, sobretudo bolsas de valores nos EUA e na Europa.
Em relação ao câmbio, Mecchi defende o potencial do euro em relação ao dólar, apontando que o primeiro se desvalorizou muito em relação ao segundo nos últimos anos, sobretudo devido ao diferencial de juros e ao diferencial de crescimento - dois fatores que devem diminuir muito no curto prazo.