Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil deve crescer, no mínimo, oito vezes em fevereiro na comparação com os embarques fracos registrados em janeiro, em meio a uma safra recorde e após atrasos iniciais na colheita, de acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) divulgados nesta terça-feira.
Na melhor das hipóteses, haveria potencial de o país superar neste ano o recorde de embarques para meses de fevereiro registrado em 2022, mas o ritmo teria de ser intensificado nas próximas semanas, apontou a Anec.
A associação estimou os embarques do país neste mês entre 7,6 milhões e 9,7 milhões de toneladas, ante 9,1 milhões registrados um ano antes, máxima histórica para fevereiro, disse a associação.
A Anec informou que na semana de 29 de janeiro a 4 de fevereiro o Brasil embarcou 758,5 mil toneladas de soja, volume que deve aumentar para 2,12 milhões de toneladas na semana de 5 a 11 de fevereiro.
Os dados indicam que os embarques teriam de ser acelerados para que o recorde para fevereiro seja batido. Em janeiro, o Brasil embarcou apenas 944,38 mil toneladas, ficando 1,33 milhão de toneladas abaixo do mesmo período de 2022.
Com exceção do primeiro mês de 2021 (53,6 mil toneladas), janeiro de 2023 marcou o pior volume para a exportação de soja no período desde 2016 (441,6 mil toneladas), o que deverá atrasar as chegadas da nova safra do Brasil a destinos como a China.
Em sua primeira previsão para o mês que marca o início dos maiores volumes de embarques da oleaginosa do Brasil no ano, a Anec ponderou que houve atrasos na colheita, que está em torno de 9% da área, versus 16,8% na mesma época do ano passado, o que impacta a disponibilidade.
Contudo, citando dados da Agroconsult, a Anec disse que a produção nacional deverá crescer para uma máxima de 153,4 milhões de toneladas em 2022/23, ante 129,2 milhões no ciclo anterior, com maior área plantada e melhores produtividade esperadas.
O ritmo de embarques de grãos depende, além da disponibilidade, também das condições climáticas. Quando chove, as operações nos portos e nas lavouras ficam mais lentas, pois os trabalhos são interrompidos.
O crescimento esperado na exportação de soja acontece ainda com o milho deixando de ser protagonista nos espaços nos portos, ao contrário do que foi visto em janeiro, quando o Brasil embarcou quase 5 milhões de toneladas do cereal, recorde para o primeiro mês do ano, superando a máxima vista em janeiro de 2016 de 4,5 milhões de toneladas.
Reportagem da Reuters antecipou a possibilidade de recorde para janeiro, em meio a compras firmes do mercado chinês.
Para fevereiro, uma vez que o mercado começa a trabalhar mais com a soja --a principal commodity do Brasil, maior produtor e exportador global--, a exportação de milho deverá somar 2,29 milhões, mas ainda um crescimento de 1,77 milhão de toneladas ante 2022, com o país contando com a demanda adicional da China e maiores estoques da safra recorde de 2022.
Os dados da Anec indicam também exportações de 368 mil toneladas de trigo em fevereiro, ante 765 mil toneladas dos embarques de janeiro. No bimestre, contudo a estimativa de exportação do cereal está cerca de meio milhão de toneladas abaixo do mesmo período do ano passado.
(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Ana Mano)