ASSUNÇÃO (Reuters) - O ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes disse nesta segunda-feira que está aberto a uma investigação de promotores do país depois de um juiz brasileiro expedir um mandado de prisão contra ele na semana passada como parte das investigações da operação Lava Jato.
O mandado de prisão foi parte de uma nova fase da Lava Jato no Rio de Janeiro intitulada Patrón, que teve como alvo doleiros que contribuíam com lavagem de dinheiro. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, alegou que Cartes, magnata do setor de tabaco que governou o Paraguai de 2013 a 2018, ajudou o doleiro Dario Messer --conhecido como doleiro dos doleiros-- antes de Messer ser preso em julho, em São Paulo.
Em uma carta à promotoria paraguaia, Cartes pediu que o órgão investigue o caso, que ele disse envolver uma conduta que ocorreu "inteiramente" em território paraguaio.
"Eu me apresento e me coloco à disposição do Ministério Público para que... os fatos e comportamentos atribuídos à minha pessoa sejam investigados e julgados", escreveu Cartes.
Na carta, Cartes se apresenta como um senador vitalício e senador eleito, status que lhe garante imunidade de ser processado. No entanto, sua condição como membro do Senado é amplamente debatida no país por políticos e juízes.
A operação Patrón mirou em doleiros envolvidos no esquema de corrupção do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, que está preso desde 2017. Messer é considerado peça-chave nesse caso.
Cartes, de 63 anos, é considerado um dos homens mais ricos do Paraguai e mantém influência política. Durante seu mandato ele também fez mudanças no Judiciário do país, incluindo a nomeação do atual chefe da Procuradoria-Geral do país.
(Reportagem de Daniela Desantis)