O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou suas estimativas para o crescimento da Ásia em 2023 e 2024, projetando que a região deve receber apoio da atividade robusta da China e da Índia, afirmou o diretor do Departamento de Ásia e Pacífico, Krishna Srinivasan, em discurso divulgado nesta terça-feira, 30.
De acordo com Srinivasan, o FMI elevou a estimativa de crescimento da Ásia de 4,6% para 4,7% em 2023, enquanto a projeção para 2024 foi elevada de 4,2% para 4,5%. Já em 2025, a economia asiática deve desacelerar para 4,3%, refletindo impactos da desaceleração da China.
O diretor explica que as previsões mais otimistas em relação às estimativas publicadas em outubro de 2023 refletem o crescimento forte da China - apoiado por gastos com reconstrução pós-desastres naturais - e a demanda doméstica robusta da Índia - que deve manter um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 6,5% em 2024 e 2025.
"Esperamos que essas dinâmicas sejam transmitidas para 2024, junto a um melhor ambiente externo. Notavelmente, esperamos que o crescimento robusto nos EUA reforce a resiliência da demanda doméstica", afirmou Srinivasan, apontando que já é notável uma aceleração na demanda por produtos tecnológicos. Se confirmado, este cenário permitirá que a Ásia represente novamente dois terços do crescimento global em 2024, assim como fez no ano passado.
Contudo, Srinivasan observou que existem exceções na região, que não devem surfar na onda positiva. O FMI projeta que o Japão manterá o crescimento acima do potencial, mas deve desacelerar de aproximadamente 2% em 2023 para cerca de 1% em 2024, conforme o iene depreciado, o turismo forte e a recuperação nos investimentos empresariais desapareçam. Por outro lado, a inflação japonesa deve se manter acima da meta de 2% do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) até 2025.
Pouso suave é cada vez mais provável
Srinivasan também destacou que muitos bancos centrais da Ásia estão a caminho de alcançar suas metas de inflação em 2024, o que aumenta a probabilidade de um pouso suave. O diretor do FMI prevê que pode haver espaço para relaxamento monetário ao longo de 2024, desde que os BCs mantenham as taxas até "ancorar firmemente" a inflação.
Entretanto, ele alertou que o cenário não é homogêneo em toda a região asiática. Na China, por exemplo, a inflação só deve se recuperar gradualmente ao longo de 2025.
Entre os riscos para a economia, Srinivasan destaca que há a possibilidade de uma correção mais demorada no setor imobiliário da China, provocando maior pressão sobre a demanda. "Por outro lado, maior suporte do que o esperado pelo governo chinês pode impulsionar a demanda doméstica e gerar efeitos de contágio positivos", apontou. Volatilidade nas condições financeiras e riscos de fragmentação geopolítica também completam a lista de riscos, pela possibilidade de tornar as cadeias de suprimento menos efetivas por mais tempo.
Para evitar estes riscos, o FMI recomenda: políticas de consolidação fiscal para restaurar amortecedores do orçamento público; reforço na supervisão financeira e monitoramento de riscos sistêmicos; e reformas estruturais para impulsionar produtividade e mitigar desafios da fragmentação comercial, ao mesmo tempo em que aceleram a transição verde para garantir um crescimento sustentável.