Por David Lawder
MARRAKECH, MARROCOS (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse nesta terça-feira estar vendo um "apoio significativo" a um aumento das cotas de participação para empréstimos defendido pelos Estados Unidos, sem mudanças à estrutura acionária da instituição, nas reuniões do FMI e do Banco Mundial no Marrocos.
Mas a diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, disse a grupos da sociedade civil que deseja estabelecer um prazo para um "realinhamento necessário" da estrutura acionária da instituição que reflita o crescimento das economias de mercados emergentes maiores, como a China.
Georgieva afirmou durante o evento privado, que contou com a presença da Reuters, que ela prioriza um aumento nos recursos das cotas na reunião em Marrakech para garantir que o FMI tenha recursos de empréstimo suficientes para lidar com outra possível crise econômica global de grande escala.
"Se não conseguirmos o aumento da cota, nossa capacidade relativa de enfrentar futuros choques diminuirá", disse Georgieva. "Acho que seria bom ter um prazo para a fórmula, porque sem mudar a fórmula, estamos presos."
Um porta-voz do FMI confirmou que ela se referiu a um prazo para ajustar a estrutura acionária.
"Uma decisão sobre o realinhamento das cotas de participação é uma decisão dos membros, e os membros estão discutindo a necessidade de uma nova fórmula de cotas", disse o porta-voz em um comunicado enviado por email. "Enquanto as discussões estão em andamento, estamos vendo um apoio significativo surgindo para um aumento igualitário."
Os Estados Unidos argumentam a favor desse aumento, que faria com que os países membros contribuíssem com mais fundos na mesma proporção de suas participações atuais.
As contribuições de cotas, que se baseiam no poder de voto, agora representam mais de 40% do poder de empréstimo de 1 trilhão de dólares do Fundo, que foi desgastado por anos de Covid-19, inflação, choques climáticos e repercussões da guerra da Rússia na Ucrânia.
O Brasil, China, Índia, e outros grandes mercados emergentes há muito tempo buscam mais poder de voto no FMI em linha com sua crescente influência na economia global. O último ajuste foi feito em 2010.
O pedido de Georgieva para estabelecer um prazo parece ser um sinal de que o plano dos EUA tem grandes chances de ser bem-sucedido. Uma decisão é esperada no sábado, quando o comitê diretor do FMI se reúne.
Algumas autoridades de mercados emergentes, inclusive o Brasil, argumentaram que o Fundo poderia se enfraquecer politicamente sem uma maior representação das economias de rápido crescimento.
Georgieva disse que a decisão sobre o prazo para o realinhamento depende dos membros. O FMI está programado para concluir uma revisão dos recursos de cotas, há muito adiada, até 15 de dezembro.
"Mas espero ver esse tipo de compromisso com a fórmula que poderia, então, desencadear algum realinhamento necessário", disse ela.