Por Orhan Coskun e Tom Perry
ANKARA/BEIRUTE (Reuters) - Rebeldes sírios apoiados pela Turquia avançaram para Ras al Ain no nordeste da Síria no sábado, mas não ficou claro até que ponto, com a Turquia dizendo que o centro da cidade havia sido tomado e forças lideradas pelos curdos afirmando que contra-atacavam.
A batalha por Ras al Ain aumentou quando a Turquia deu seguimento a uma ofensiva de quatro dias contra uma milícia curda síria e cruzou a fronteira do país vizinho, apesar dos protestos dos Estados Unidos e da União Europeia e dos avisos de possíveis sanções, a menos que Ancara desistisse.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que a incursão da Turquia estava causando "grandes danos" nas relações com seu aliado da Otan. O chefe da Liga Árabe denunciou a ofensiva e a Alemanha disse que estava proibindo a exportação de armas para a Turquia, aliada da Otan.
O ataque turco causou alarme internacional por causa do deslocamento em massa de civis e pelo risco de provocar o ressurgimento de uma insurgência do Estado Islâmico na Síria, com o aumento da possibilidade de militantes do EI escaparem das prisões curdas.
A administração liderada pelos curdos no nordeste da Síria disse que quase 200.000 pessoas foram desalojadas até o momento pelos combates, enquanto o Programa Mundial de Alimentos da ONU afirma que esse número chega a mais de 100.000 apenas nas cidades de Tel Abyad e Ras al Ain.
O objetivo do ataque, segundo declarações da Turquia é estabelecer uma zona segura dentro da Síria para reinstalar ao menos parte dos 3,6 milhões de refugiados de guerra sírios que estão hoje no país. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou enviá-los para a Europa se a UE não apoiasse seu ataque.
Ancara iniciou seu ataque contra a milícia YPG, que diz ser um grupo terrorista que apóia insurgentes curdos na Turquia, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou algumas tropas americanas que apoiavam as forças curdas na luta contra o EI.
"O Exército Nacional (rebelde sírio) assumiu o controle do centro da cidade (Ras al Ain) nesta manhã", disse um alto funcionário da segurança turca. "As inspeções estão sendo conduzidas em áreas residenciais. Estão sendo feitas buscas por minas e armadilhas."
O Ministério da Defesa da Turquia disse que o Exército Nacional Sírio rebelde apoiado pela Turquia havia sido controlado, com autoridades postando fotos mostrando ruas desertas e rebeldes sírios pisando em bandeiras da milícia curda.
Mas as Forças Democráticas Sírias (SDF), lideradas pelos curdos, nas quais o YPG é o principal elemento de combate, negaram a perda do centro de Ras al Ain. Marvan Qamishlo, porta-voz da SDF, disse que seu lado só realizou um "retiro tático" em resposta a horas de pesado bombardeio turco.