Por Devjyot Ghoshal e Manoj Kumar
NOVA DÉLHI (Reuters) - Cerca de 125 pessoas estão desaparecidas no norte da Índia depois que uma geleira do Himalaia desmoronou e destruiu uma pequena barragem hidrelétrica neste domingo, com a enchente resultante forçando a evacuação dos vilarejos rio abaixo.
Uma parede de poeira, rochas e água avançou como avalanche pelo vale Rishiganga nas profundezas das montanhas de Uttarakhand, disse uma testemunha.
"Veio muito rápido, não deu tempo de alertar ninguém", disse Sanjay Singh Rana, que mora na parte superior do rio na vila de Raini, à Reuters por telefone. "Eu senti que até nós seríamos varridos dali."
O ministro-chefe de Uttarakhand, Trivendra Singh Rawat, disse que 125 pessoas estão desaparecidas, mas o número pode aumentar. Até o momento, os corpos de sete pessoas foram localizados.
O desastre ocorreu cerca de 500 km ao norte da capital Nova Délhi.
Uttarakhand está sujeita a inundações e deslizamentos de terra e o desastre gerou apelos de grupos de ambientalistas que pedem a reavaliação sobre a construção de projetos de energia nas montanhas ecologicamente sensíveis da região.
O antigo secretário-chefe do estado, Om Prakash, disse que de 100 a 150 pessoas morreram no desastre. Grande parte dos desaparecidos eram trabalhadores do Projeto Hidrelétrico Rishiganga, que foi destruído pelo rompimento da geleira.
Filmagens compartilhadas por moradores mostraram a água varrendo partes da barragem Rishiganga e tudo mais em seu caminho. Pelo menos 180 ovelhas foram levadas embora.
Vídeos nas mídias sociais, cuja autenticidade a Reuters não conseguiu verificar de imediato, mostravam a água jorrando do local da barragem e destruindo equipamentos de construção.
Doze pessoas que ficaram presas em um túnel foram resgatadas e os esforços de resgate de mais pessoas presas em outro túnel estão em andamento, disse o Ministério do Interior após reunião do Comitê Nacional de Crise criado pelo governo.
"A Índia está com Uttarakhand e a nação ora pela segurança de todos", disse o primeiro-ministro Narendra Modi no Twitter.
A empresa estatal de energia NTPC disse que a avalanche danificou uma parte de sua usina hidrelétrica Tapovan Vishnugad, que estava em construção. Ela não forneceu detalhes, mas disse que a situação está sendo monitorada continuamente.
Helicópteros militares indianos estavam sobrevoando a área e posicionando soldados para ajudar no socorro e resgate.
O estado de Uttar Pradesh, vizinho a Uttarakhand e o mais populoso da Índia, colocou suas áreas ribeirinhas em alerta máximo.
'TSUNAMI DO HIMALAIA'
Não ficou claro o que causou a avalanche em um momento em que não é a estação das cheias. Em junho de 2013, chuvas de monções em nível recorde em Uttarakhand causaram inundações devastadoras que vitimaram cerca de 6.000 pessoas.
Aquele desastre foi apelidado de "tsunami do Himalaia" por causa das torrentes de água na área montanhosa, que lançavam lama e pedras, enterrando casas, varrendo edifícios, estradas e pontes.
Uma Bharti, ex-ministra de recursos hídricos da Índia e líder do partido de Modi, criticou a construção da usina na área.
“Quando eu era ministra, pedi que o Himalaia fosse um lugar muito sensível, então projetos de energia não deveriam ser construídos no Ganges e seus principais afluentes”, disse ela no Twitter, referindo-se ao principal rio que vem das montanhas.
Especialistas em meio ambiente pediram a paralisação de grandes projetos hidrelétricos no Estado.
(Reportagem adicional de Saurabh Sharma, Krishna N. Das e Jatin Das)