Por Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - A pandemia de Covid-19 permanece sendo o maior risco para a economia global e está contribuindo para o aumento da inflação em muitos países, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, nesta quarta-feira.
Georgieva pediu esforços redobrados para impulsionar a vacinação e reforçar as defesas contra o coronavírus, dizendo que isso ajudará a aliviar as interrupções na cadeia de suprimentos e combater a inflação, junto às altas de juros que agora estão sendo adotadas por bancos centrais.
"Política para a pandemia é política econômica", disse ela. "O maior risco para o desempenho da economia mundial continua sendo, neste ano, a Covid e as disrupções que ela causa."
A chefe do FMI admitiu que a inflação acabou sendo um "problema econômico e social mais significativo" do que o esperado, e disse que os economistas subestimaram o impacto do consumo represado e dos choques climáticos nos preços dos alimentos.
Georgieva destacou que as taxas de vacinação em 86 países não alcançaram a meta de ao menos 40% de suas populações em 2021, e que elas estão em apenas 5% em países de baixa renda, contra taxas de 70% da população vacinada em países ricos.
"Por que isso é um problema? Porque o que estamos fazendo é manter um terreno fértil para mais e mais variantes da Covid", disse ela em evento organizado pelo Washington Post.
A chefe do FMI disse que as interrupções nas cadeias globais de oferta --que inicialmente se esperava serem controladas já na primeira metade de 2022-- devem continuar por causa das restrições da Covid e outros fatores, incluindo demanda bem mais alta por bens de consumo como computadores e carros.
Ela alertou que o conflito entre Rússia e países do Ocidente sobre a Ucrânia já está elevando os preços da energia, particularmente na Europa, e complica o já incerto cenário para a economia global.
O FMI subestimou o impacto da mudança climática sobre os preços de alimentos, disse ela. "Precisamos reconhecer que estamos em um mundo mais propenso a choques, e temos que esperar que esses tipos de choques sejam um fator no futuro", disse.