Por Ann Saphir
(Reuters) - O presidente do Federal Reserve Bank de Chicago, Austan Goolsbee, saudou neste domingo notícias sobre suspensão do teto da dívida dos Estados Unidos, dizendo que uma eventual falha na costura do acordo seria "extremamente negativa" para o sistema financeiro e para a economia em geral.
Entrevistado no programa "Face the Nation" da CBS, ele se recusou a dizer se apoiará ou não uma nova alta na taxa de juros na próxima reunião do Fed, nos dias 13 a 14 de junho. De acordo com ele, o impacto total dos aumentos de juros por parte do banco central até o momento ainda não foi sentido.
"Eu tento... faço questão de não prejulgar e de tomar decisões quando ainda faltam semanas para a reunião", disse Goolsbee. "Vamos coletar muitos dados importantes até lá."
Goolsbee disse que ficou animado com as indicações de que os congressistas norte-americanos irão ratificar o acordo do teto da dívida adotado pelo líder republicano Kevin McCarthy e pelo presidente democrata Joe Biden.
"Se você não fizer isso, as consequências para o sistema financeiro e para a economia em geral serão extremamente negativas", disse Goolsbee. "Mesmo a antecipação desses problemas tem consequências na economia, tem consequências nos mercados financeiros."
Já existe "medo e incerteza" somente em torno das taxas de juros, que o Fed aumentou em cinco pontos percentuais desde março de 2022, disse Goolsbee.
Questionar o valor da dívida dos Estados Unidos --entre os ativos mais seguros e amplamente estáveis do mundo-- "não é bom para os empréstimos, não é bom para a economia real... vamos evitar isso: vamos aumentar o teto da dívida e passar para o próximo tópico."
Goolsbee disse acreditar que o Fed poderia evitar a recessão.
"As ações que o Fed toma levam meses ou até anos para abrir caminho por meio do sistema financeiro... não há dúvida de que a inflação está muito alta, ainda --ela tem caído-- e estamos tentando administrá-la. Conseguimos baixar a inflação sem iniciar uma recessão?"
Goolsbee é visto como um dos mais "dovish" entre os formuladores de políticas econômicos do Fed, mais sensível às ameaças ao mandato do Fed de manter os americanos totalmente empregados do que aos perigos da inflação alta, embora ele tenha se juntado a seus colegas no aumento das taxas até agora este ano.