Por Anastasia Teterevleva e Susan Heavey
MOSCOU/WASHINGTON (Reuters) - O Kremlin negou nesta sexta-feira que a Rússia esteja interferindo na campanha presidencial de 2020 dos Estados Unidos para aumentar as chances de reeleição do presidente Donald Trump após relatos de que autoridades de inteligência norte-americanas alertaram o Congresso para a ameaça eleitoral na semana passada.
Autoridades de inteligência disseram a membros do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados em um briefing confidencial que a Rússia está interferindo novamente na política dos EUA antes da eleição de novembro, segundo relatou à Reuters uma pessoa a par do tema.
Desde então, Trump demitiu o chefe de inteligência interino, substituindo-o nesta semana por um aliado político --uma decisão abrupta tomada enquanto democratas e ex-funcionários dos EUA acionavam o alarme por motivos de segurança nacional.
No Twitter, o presidente republicano acusou democratas do Congresso de lançarem uma campanha de desinformação "dizendo que a Rússia me prefere a qualquer um dos candidatos Não Faço Nada democratas". Trump classificou a alegação de "farsa" em seu tuíte desta sexta-feira.
Autoridades dos EUA alertam há tempos que a Rússia e outros países tentarão intervir na eleição presidencial de 3 de novembro, seguindo o exemplo da intromissão russa na campanha de 2016, que terminou com a vitória surpreendente de Trump sobre a rival democrata Hillary Clinton.
Agências de inteligência norte-americanas concluíram que o Kremlin usou operações de desinformação, ataques cibernéticos e outros métodos em sua ofensiva de 2016 na tentativa de impulsionar Trump, uma alegação que a Rússia nega. Trump, sensível a dúvidas sobre a legitimidade de seu triunfo, também questionou estas conclusões e criticou diversas vezes as agências de inteligência.
Nesta sexta-feira, o Kremlin disse que as alegações mais recentes são falsas.
"Estes são anúncios mais paranóicos que, para nossa tristeza, se multiplicarão à medida que nos aproximamos da eleição (dos EUA)", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres. "Eles não têm nada a ver com a verdade."
A suposta interferência russa desencadeou uma investigação de dois anos nos EUA, comandada pelo procurador especial Robert Mueller.
Mueller não encontrou indícios conclusivos de coordenação entre a Rússia e a campanha de Trump. Ele também apontou 10 instâncias nas quais Trump pode ter tentado obstruir sua investigação, como os democratas alegaram, mas deixou que o Congresso decidisse sobre qualquer possível obstrução.