Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, reiterou nesta segunda-feira que o governo está comprometido em fazer o crédito chegar às micro e pequenas empresas e que adotará novas medidas se os programas já anunciados não surtirem efeito.
"O crédito tem que chegar nas micro e pequenas empresas, estamos muito atentos a isso. Estamos trabalhando inclusive no plano B, no plano C", afirmou Sachsida em webinar do Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil).
O secretário afirmou que a perda da qualidade das garantias que podem ser apresentadas pelas empresas é uma das dificuldades e que, diante das incertezas, ele considera natural que os bancos restrinjam algumas operações.
Nesse contexto, defendeu os programas Emergencial de Acesso a Crédito e o Pronampe, que oferecem garantias em operações de crédito a médias, pequenas e micro empresas. Sobre o programa de financiamento da folha de pagamento, o Pese, ele disse que o formato está sendo revisto, em diálogo com o Congresso.
Em apresentação nesta segunda-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia reforçado indicação de que o governo deve estender o Pese por dois meses, elevando de 10 milhões de reais para 50 milhões de reais o teto do faturamento anual das empresas autorizadas a participar e também flexibilizando a restrição a demissões.
FUNDO DO POÇO
Sachsida afirmou que abril representou o "fundo do poço" para os dados econômicos, mas ressaltou que a situação das empresas seguiu difícil desde então e previu um mês de dificuldades em julho.
"Abril foi o fundo de poço, mas foi o fundo do poço em termos de dados econômicos", afirmou. "Só que, para as empresas que estão lá na ponta, ela já queimou a gordura dela lá em abril, está tendo que queimar de novo em maio, está tendo que queimar de novo em junho. Ou seja, julho vai ser um pepino grande para a economia."
O secretário afirmou que, diferentemente dos Estados Unidos, a economia brasileira é pouco flexível e que empresas e empregos fechados demoram muito tempo para serem retomados. Para Sachsida, o desemprego já estaria mais elevado se não fossem os altos custos de demissão.
"Só que, se chegar no futuro e essas empresas demitirem, não contratam de novo", disse.