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Grande receio é inflação se tornar arbitradora de conflitos no Brasil, diz Vescovi, do Santander

Publicado 28.01.2022, 14:18
Atualizado 28.01.2022, 18:56
© Reuters. Cartazes de preços em um mercado no Rio de Janeiro
02/09/2021
REUTERS/Ricardo Moraes/File Photo

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) -O mundo passa por profundas mudanças no pós-pandemia, e no meio desse processo o Brasil está parado, avaliou a economista-chefe do Santander (SA:SANB11) no país, Ana Paula Vescovi, para quem um risco preocupante é a inflação se tornar o elemento arbitrador de conflitos internos nos próximos anos.

O contexto atual, segundo Vescovi, contempla uma economia global que deve crescer menos e com taxas de juros mais pressionadas pelo ambiente inflacionário --que, por sua vez, tem como pano de fundo quebra nas cadeias produtivas. Mas as questões vão além.

"O pós-pandemia ainda vai deixar resquícios não só de quebra nas cadeias produtivas --isso a gente arruma lá na frente--, mas de revisão nas próprias cadeias, uma tentativa de torná-las mais próximas, mais locais, menos globais, então (há) perda de produtividade em função disso", disse Vescovi em entrevista à Reuters na véspera.

Por outro lado, lembrou, o mundo experimenta avanços tecnológicos "importantíssimos", que necessitam de políticas públicas para que sejam revertidos em bem-estar e crescimento econômico social.

"Nós temos muitos desafios na economia global, e o Brasil parou", disse. "As reformas que estavam ajustando o próprio ambiente interno... É como se a gente tivesse parado de fazer nosso dever de casa com todas essas mudanças acontecendo", completou.

Para Vescovi, é preciso se preocupar "bastante" com os desafios das transições tecnológicas e energéticas e também com limitações impostas por restrições que o mundo vai enfrentar --sejam geopolíticas ou ambientais.

"E ao mesmo tempo temos que nos preocupar com os nossos desafios internos. Nós temos o ambiente mais acirrado em termos de mais desigualdades depois da pandemia, dificuldades concretas com o nosso crescimento e escolhas muito difíceis."

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INFLAÇÃO

Num Brasil que produziu ainda mais desigualdades após o início da crise sanitária, a grande preocupação é que o papel das discussões e decisões políticas como norteadoras do país seja ocupado por outro ator.

"Acho que o grande receio, olhando no longo prazo, olhando para a frente, é que a inflação venha com uma 'ajuda ruim' para a dificuldade que nós temos de arbitrar conflitos na hora de tomar decisões sobre reformas, dado que temos um ambiente ainda mais desigual, polarizado e voltado para menores consensos", disse a ex-secretária do Tesouro Nacional.

Ela argumenta que, diante da ausência de reformas, o aumento da carga tributária é visto como solução "quase inevitável" para atender à demanda crescente por gastos públicos, mas que isso esbarra numa sociedade que não apenas não quer elevação de impostos como anseia por redução.

"O contraponto do gasto é a carga tributária. Isso não está claro para a sociedade brasileira ainda. Por quê? Por que ainda temos o chamariz da inflação, que é um mecanismo de financiamento oculto, injusto, mas que funciona muito bem para financiar contas públicas e resolver esses conflitos", disse.

Num país com uma das maiores inflações do mundo, segundo a economista, tal fenômeno está correlacionado à fragilidade macroeconômica, centrada nas contas públicas, as quais deixaram de contar com a ancoragem fiscal oferecida pelo teto de gastos.

"Nós abrimos mão da nossa âncora fiscal como medida de consolidação antes de terminar essa consolidação. () O teto de gastos certamente tende a ser revisto pela próxima gestão (federal), seja ela qual for."

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Vescovi considerou haver "conflitos distributivos" por trás disso e que o Brasil precisaria voltar a falar de reformas, embora tenha reconhecido existir pouco clima para tal.

"TREMER BASTANTE"

A ex-secretária do Tesouro avaliou que seria muito positivo que o debate eleitoral incluísse a gestão das contas públicas e como resolver os inflamados conflitos socioeconômicos. Mas até lá o cenário seguirá de menor visibilidade, enquanto o país enfrenta o espraiamento "muito forte" da variante Ômicron da Covid-19.

A nova e recorde onda de casos de coronavírus no Brasil impõe viés baixista à projeção do Santander de expansão de 0,7% do PIB neste ano, com as pressões negativas vindas também das intensas discussões sobre aperto monetário nos Estados Unidos e dos riscos relativos à safra agrícola brasileira, impactada pelo clima.

A taxa de câmbio se apreciou recentemente, mas Vescovi alertou para mudanças de humor entre investidores conforme se acirram as conversas sobre alta de juros nos EUA e o próprio ciclo eleitoral no Brasil ganha ritmo. O banco projeta a moeda norte-americana a 5,70 reais ao fim de 2022.

O dólar à vista recuou 0,61% nesta sexta-feira, a 5,3915 reais, menor valor desde 1º de outubro de 2021. Faltando apenas um pregão para o encerramento de janeiro, a moeda acumula declínio de 3,27% no mês. Nesse ritmo, caminha para registrar a maior queda mensal desde junho de 2021 (-4,77%) e a maior baixa para janeiro desde 2019 (-5,57%).

"Nos últimos pleitos eleitorais em que a gente combinou maior polarização, baixo crescimento e problemas de ordem social, a gente teve de fato muita volatilidade. Então eu acho que este ano vai ser um ano em que a gente vai tremer bastante", finalizou.

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(Edição de Isabel Versiani)

Últimos comentários

Para de Mimi ela falou o óbvio... Matéria do estagiário de novo...
Uma das PIORES taxas de inflacao do MUNDO. Destruindo com o plano Real. Voltando com a inflação descontrolada que os.milicos deixaram após a ditadura. Não foi a toa que o demente corrupto votou contra o Plano Real junto com o PT.
Uma opção é acabar com o SUS, consome 290 bilhões, 15% do total arrecadado em impostos Sendo que não existe SUS nos EUA e nem na China. O único país que tem SUS parecido para uma grande população é a Inglaterra. 70 milhões de habitantes. Ainda assim já estão vendo como reduzir os gastos com ele.
Querer comparar o sistema de saúde dos EUA com o sistema de saúde do Brasil é a mesma coisa que querer comparar o salário mínimo dos EUA com o salário mínimo do Brasil 🤣🤣
Pandemia teve no mundo todo? Sim... mas olhem a diferença: INFLAÇÃO 😎👉👉 Brasil = 10.6% ... Equador = 1.94%... Colômbia = 5.62%... Paraguai = 6.8%... *** Bolsonaro tá çértú *** 🇧🇷🇧🇷🇧🇷
Qual país do mundo fez uma reforma da previdência como o Brasil fez? Veja o resultado do governo central com deficit de 0,4% em plena pandemia e gastos emergenciais! Se não fosse esse fantasma da volta dos bandidos ao poder estaríamos muito melhor!!!
Alemanha, Chile, França, ... lista grande que segue... cada qual com as suas particularidades específicas.
a janela de oportunidade se abriu pro Brasil, mas justamente quando estamos com um presidente de quinta categoria, preocupado em criar polêmica e rachadinha
Opiniao REPLETA DE VIÉS POLITICO.O Brasil foi o país que mais fez reformas entre 2018 e 2021.
Os bancoes detestam o governo atual pois foi na gestão atual que o ministério da economia mudou normas infralegais que permitiram a entrada no mercado de novas instituições financeiras (fintechs). além disso a criação de pix (transferência gratuita de valores entre instituições financeiras) aumentou a facilidade para os brasileiros escolherem onde deixar seu dinheiro, sendo fácil transferir seu salário para aplicativos com rendimentos maiores que poupança e CDBs ou LCIs e ainda com liquidez diária. Por tornar o mercado bancário mais competitivo, o governo atual é odiado pelos bancoes. essa opinião do Santander não me surpreende nem um pouco.
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