Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou ter havido pressão política para a saída de Waldery Rodrigues do cargo de secretário especial da Fazenda, agora ocupado por Bruno Funchal, e destacou o "desgaste natural" como um dos fatores para mudanças na pasta anunciadas nesta terça-feira.
Em declaração logo após a confirmação das trocas, Guedes disse que as alterações justificam-se por uma "avaliação periódica" acerca da estratégia e estrutura da equipe econômica. Ele também afirmou que não se trata de uma "demissão", tecendo elogios a Waldery após mais de dois anos de trabalho conjunto.
"O que está acontecendo é remanejamento da equipe. Estávamos jogando em 4-4-2 e estamos jogando agora em 4-3-3... Justamente para facilitar negociações com Congresso, para facilitar conversas com próprio Executivo, outros ministérios, porque é um desgaste natural", afirmou.
Diante das mudanças, Waldery agora passará a ser assessor especial de Guedes, enquanto Funchal, que respondia pelo cargo de secretário do Tesouro anteriormente, torna-se o novo secretário Especial da Fazenda.
A vaga deixada por Funchal no Tesouro será ocupada por Jeferson Bittencourt, que era assessor especial no Ministério da Economia. Mais cedo, uma fonte ouvida pela Reuters já sinalizava Bittencourt como um dos cotados para assumir o comando do Tesouro.
Ao ser questionado sobre se a saída do secretário tinha relação com o impasse vivido pelo governo em relação à sanção do Orçamento, Guedes afirmou que em uma discussão acerca do tema, "sempre temos os caras mais criativos, mais simpáticos, que dão alternativas, e que, naturalmente, políticos têm mais interesse em conversar com quem oferece mais alternativas".
Por outro lado, de acordo com ele, há "quem joga na defesa", mencionando posteriormente que o Tesouro e a Fazenda sofrem um desgaste maior em razão de executarem situação difícil "de segurar o caixa".
MAIS MUDANÇAS
Além das trocas na Fazenda e no Tesouro, Guedes também mexeu na Secretaria de Orçamento Federal (SOF), onde George Soares deixará o posto de secretário, em decisão que Guedes atribuiu também ao desgaste.
"Ele mesmo falou: 'olha, acho que está na hora, para facilitar andamento das reformas, está na hora de eu recuar, desgaste está muito grande, pressão é muito grande'", disse o ministro.
De acordo com nota do Ministério da Economia, o novo titular do cargo será Ariosto Antunes Culau, analista de Planejamento e Orçamento.
Em mais um baixa para a equipe econômica, Vanessa Canado, que era assessora especial para a reforma tributária no Ministério da Economia, também deixará o cargo, de acordo com a pasta.
Em nota, a Economia informou que Vanessa havia solicitado para deixar o cargo desde o início do ano. Assume em seu lugar o economista e professor de pós-graduação da Escola de Direito de São Paulo (FGV), Isaías Coelho.
Ao ser questionado sobre a situação da secretária especial do Programa de Parcerias de Investimento (PPI), Martha Seillier, Guedes afirmou tratar-se de "outro assunto", apesar de afirmar que ela está recebendo "propostas de fora"
"A Martha é outra coisa, a Martha está recebendo propostas de fora, tudo isso, mas é outro assunto", afirmou. Mais cedo, ela disse que seguia no cargo e que não havia sido informada sobre sua saída pelo ministro, noticiada por alguns veículos de imprensa nesta terça.
(Reportagem adicional de Ricardo Brito)