Por Gabriela Baczynska e Inti Landauro
GRANADA, Espanha (Reuters) - A Polônia acusou a Alemanha e a União Europeia de imporem um "diktat" (imposição) imigratório ao bloco e a Hungria disse que os membros estavam forçando um acordo no momento em que os líderes europeus se reuniam para abordar o crescente número de imigrantes que chegam do Oriente Médio e da África.
A cúpula da UE na cidade espanhola de Granada está buscando maneiras de reduzir o número de refugiados e imigrantes que chegam à Europa fora das passagens regulares de fronteira, algo que preocupa especialmente Itália, Espanha e Alemanha.
No entanto, o bloco continua em desacordo sobre como dividir a tarefa de atender os imigrantes. Um acordo entre os Estados-membros, há muito tempo travado, foi fechado na semana passada, apesar da oposição dos governos populistas da Polônia e da Hungria.
A principal autoridade de imigração da UE, que abriga 450 milhões de pessoas, disse na semana passada que houve 250 mil chegadas irregulares até agora neste ano -- muito abaixo de 2015, quando mais de 1 milhão de pessoas atravessaram o mar, sobrecarregando o bloco.
Mas o assunto é politicamente delicado e a retórica e as políticas anti-imigração estão em alta em alguns países da UE antes das eleições para o Parlamento Europeu em todo o continente em junho próximo.
Ao chegar às discussões, o primeiro-ministro da Hungria, Victor Orbán, disse que a unanimidade sobre a imigração era impossível, porque a UE havia deixado a Hungria e a Polônia fora do acordo.
"Se você é... forçado a aceitar algo que não gosta, como você gostaria de ter um compromisso e um acordo? É impossível", disse Orbán aos repórteres.
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, reclamou que a UE estava forçando seu país a aceitar imigrantes ilegais ou enfrentar multas.
"Eu direi na sessão de hoje que a Polônia rejeita isso categoricamente, antes de mais nada por causa da segurança do nosso país", disse ele.
Na quarta-feira, 22 membros da UE fecharam um acordo sobre como lidar com a imigração irregular em momentos de chegadas excepcionalmente altas, dando um passo em direção à revisão das regras de asilo e imigração do bloco.
O acordo deve agora ser negociado com o Parlamento Europeu. Embora não possa ser formalmente bloqueado por Polônia e Hungria, a firme oposição de ambos levanta dúvidas sobre a eficácia da implementação de qualquer acordo final.
Varsóvia e Budapeste se recusam a receber pessoas que chegam do Mar Mediterrâneo, embora a Polônia tenha dado abrigo a vários milhões de ucranianos que fugiram da invasão russa em fevereiro de 2022.