Por Stephen Jewkes e Elvira Pollina
MILÃO (Reuters) - A Itália fez um enorme mutirão neste domingo para conter o maior surto de coronavírus da Europa, isolando as cidades mais afetadas e proibindo eventos públicos em grande parte do norte do país, depois que um terceiro paciente morreu vítima da doença.
Autoridades das regiões abastadas da Lombardia e do Vêneto, que são o ponto focal da crise, ordenaram que escolas e universidades fechassem por pelo menos uma semana, além de interditar museus e cinemas e cancelar os últimos dois dias do Carnaval de Veneza.
A unidade de proteção civil informou que o número de casos do vírus altamente contagioso chegou a 152. E todos eles, com exceção de três, apareceram desde a última sexta-feira.
"Fiquei surpreso com essa explosão de casos", disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte à emissora estatal RAI, alertando que os números provavelmente aumentarão nos próximos dias. "Faremos tudo o que pudermos para conter o contágio", disse ele.
A morte mais recente foi de uma mulher idosa na cidade de Crema, cerca de 45 km a leste da capital financeira da Itália, Milão. Como pelo menos uma das outras pessoas que morreram, ela vinha sofrendo de sérios problemas de saúde subjacentes, disseram autoridades.
O número de casos certificados da doença na Lombardia subiu de 54 para 110 no dia anterior, enquanto no Vêneto cerca de 21 pessoas foram diagnosticadas com o vírus, incluindo duas em Veneza, que estava lotada de turistas para o carnaval.
As autoridades de saúde relataram casos isolados nas regiões vizinhas do Piemonte e da Emília Romana.
Quase uma dúzia de cidades na Lombardia e no Vêneto, com uma população combinada de cerca de 50.000, foram efetivamente colocadas em quarentena, com os moradores locais instados a ficar em casa e com permissão especial necessária para entrar ou sair das áreas designadas.
Em Milão, os moradores correram para estocar itens essenciais, enquanto alguns pais decidiram levar seus filhos para fora da cidade.
"Hoje é loucura. Parece que estamos em Bagdá. Não podemos reabastecer as prateleiras com rapidez suficiente", disse uma assistente de loja do supermercado Esselunga Solari em Milão, recusando-se a dar seu nome porque não estava autorizada a falar com o meios de comunicação.
'PACIENTE ZERO'A Lombardia e o Vêneto juntos representam 30% da produção doméstica bruta da Itália. Qualquer interrupção prolongada provavelmente terá um sério impacto em toda a economia, que já está perto da recessão.
O turismo certamente terá um impacto imediato, com escolas em todo o país cancelando viagens, incluindo os feriados prolongados para esqui.
As autoridades de saúde estão tentando descobrir como começou o surto no norte italiano.
A suspeita inicial na Lombardia recaiu sobre um empresário recentemente retornado da China, o epicentro do novo vírus, mas seu exames deram resultado negativo. No Vêneto, os médicos testaram um grupo de oito visitantes chineses que estiveram na cidade que abrigou a primeira fatalidade, mas, novamente, mostraram resultados negativos.
"Estamos (agora) ainda mais preocupados, porque se não conseguimos encontrar o 'paciente zero', significa que o vírus é ainda mais onipresente do que pensávamos", disse Zaia.
Antes de sexta-feira, a Itália havia relatado apenas três casos do vírus - todos eles pessoas que chegaram recentemente da cidade chinesa de Wuhan, onde a doença surgiu no final do ano passado.