WASHINGTON (Reuters) - Um juiz dos Estados Unidos negou no sábado pedido do governo Trump de liminar para bloquear a publicação de um livro do ex-assessor de segurança nacional do presidente Donald Trump, John Bolton, que alega que o presidente buscou ajuda da China para tentar vencer a reeleição.
"Embora a conduta unilateral de Bolton levante sérias preocupações de segurança nacional, o governo não provou que uma liminar é um remédio apropriado", disse o juiz distrital Royce Lamberth.
O governo tentou uma ordem de restrição temporária e uma liminar contra a publicação de "The Room Where It Happened: A White House Memoir", dizendo que contém informações sigilosas e ameaça a segurança nacional.
O livro, programado para chegar às prateleiras das lojas na terça-feira, já está nas mãos de organizações de mídia.
"Bolton apostou com a segurança nacional dos Estados Unidos. Ele expôs seu país a danos e a si próprio a responsabilidade civil (e potencialmente criminosa)", escreveu o juiz.
Mas ele argumentou que uma liminar seria tarde demais para conter o dano. "Com centenas de milhares de cópias em todo o mundo - muitas nas redações - o estrago está feito", disse Lamberth.
Em um tuíte logo após a decisão ter sido divulgada, Trump acusou novamente Bolton de divulgar informações sigilosas. "Ele deve pagar um preço muito alto por isso, como outros já o fizeram", declarou Trump. "Isso nunca deve acontecer novamente!!!"
O livro de Bolton chamou muita atenção por seu retrato sombrio de Trump e como a política conduziu a política externa do presidente. Bolton disse que Trump implorou ao presidente chinês, Xi Jinping, por ajuda na eleição deste ano, além de detalhar supostas impropriedades não abordadas no julgamento de impeachment de Trump.
O presidente norte-americano demitiu Bolton, homem forte da política externa, em setembro passado, após 17 meses como consultor de segurança nacional.
(Reportagem de Lucia Mutikani)