Por Clare Jim e Farah Master
HONG KONG (Reuters) - A interferência de Parlamentos estrangeiros nos assuntos de Hong Kong é profundamente lamentável, disse a líder da cidade controlada pela China, Carriem Lam, nesta terça-feira, acrescentando que uma escalada da violência não conseguirá resolver questões sociais no polo financeiro asiático.
Apoiada pelo governo chinês, Lam falava depois de mais um final de semana de confrontos às vezes violentos na ex-colônia britânica. A polícia disparou gás lacrimogêneo durante verdadeiras perseguições de gato e rato com os manifestantes, que em certos momentos destruíram vitrines e atearam fogo nas ruas.
"É extremamente inadequado Parlamentos estrangeiros interferirem nos assuntos internos da HKSAR de qualquer maneira, e não permitiremos que (os Estados Unidos) se tornem participantes dos assuntos da HKSAR", disse Carrie, referindo-se à cidade pela sigla de região administrativa especial da China.
No domingo, milhares de manifestantes protestaram diante do consulado dos EUA, alguns com a bandeira norte-americana, pedindo ajuda para levar democracia a Hong Kong.
Os manifestantes pediram que o Congresso dos EUA aprove uma legislação que exigiria que os EUA façam uma avaliação anual para determinar se Hong Kong é suficientemente autônoma da China continental para manter benefícios comerciais e econômicos dos EUA.
Hong Kong voltou ao controle da China mediante a fórmula "um país, dois sistemas", que garante liberdades inexistentes na China continental. Mas muitos de seus moradores temem que Pequim esteja erodindo continuamente essa autonomia.
A China nega interferir na cidade, e autoridades chinesas acusaram forças estrangeiras de tentarem prejudicar Pequim provocando caos em Hong Kong. Elas também alertaram forasteiros a não se intrometerem no que classificam como um assunto interno.
Indagada a respeito dos protestos diante do consulado dos EUA e do apelo de Lam para que Parlamentos estrangeiros não interfiram, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, disse que seu país se opõe resolutamente à interferência de qualquer governo estrangeiro nos assuntos da China.
As manifestações estão abalando a economia de Hong Kong, que está à beira de sua primeira recessão em uma década. A chegada de turistas recuou 40% em agosto na comparação anual.
Em seu primeiro discurso mencionando os tumultos, o bilionário Li Ka-shing exortou os líderes políticos a buscarem a paz com os jovens, qualificando-os como "mestres do futuro".
(Reportagem adicional de Ben Blanchard, em Pequim)