RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Liga Independente das Escola de Samba (Liesa) decidiu adiar os desfiles das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro na Marquês de Sapucaí do ano que vem por conta da pandemia de Covid-19.
O Carnaval de 2021 está marcado para o mês de fevereiro, mas como até lá não há perspectiva de vacina ou remédio em larga contra o coronavírus, a decisão foi pelo adiamento da festa, em reunião realizada na noite desta quinta-feira.
As escolas ainda não definiram em que data o desfile poderá ocorrer no ano que vem. A definição dependerá da descoberta e disponibilidade de vacina ou remédio para a população. O cancelamento da festa não foi descartado.
A cidade de São Paulo já havia anunciado a postergação dos desfiles para uma data indefinida em função da pandemia.
A doença provocou uma paralisia na produção do Carnaval do ano que vem e barracões e quadras estão praticamente parados.
Algumas escolas sequer conseguiram definir o enredo para 2021 e houve demissões e desligamentos de funcionários das agremiações.
“É cada vez mais difícil ter Carnaval sem vacina. Desde julho não temos segurança de que haverá e não tem como falar em Carnaval sem segurança", disse o presidente da Liga, Jorge Castanheira, a jornalistas. "Não temos como fazer em fevereiro, as escolas já não vão ter tempo nem condições financeiras e de organização de viabilizar até fevereiro.”
"Temos que ter uma perspectiva até janeiro... porque senão atrapalha a festa de 2022”, acrescentou Castanheira
Para o carnavalesco Edson Pereira, é "difícil falar de uma festa" com milhares de pessoas morrendo da doença no país.
"Mas eu, como artista, não posso pensar em expectativa negativa porque eu preciso pensar em gerar felicidade às pessoas... acho que tem que ter Carnaval sim, com todas as regras e cuidados”, disse Pereira à Reuters.
O Carnaval de rua na cidade, que reúne dezenas de blocos e milhões de pessoas, também está ameaçado. As associações e diretores de blocos devem anunciar uma decisão mês que vem à prefeitura.
A prefeitura do Rio de Janeiro já havia anunciado mudanças para o reveillon. A tradicional queima de fogos com milhões de pessoas na praia de Copacabana não acontecerá.
A ideia é promover uma virada de ano com shows de luzes e apresentações musicais sem público e com transmissão pela internet e meios de comunicação.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)