BERLIM (Reuters) - O mercado de trabalho global corre o risco de reverter seu progresso em direção à recuperação dos níveis pré-Covid-19 conforme os lockdowns na China e a guerra na Ucrânia pesam sobre as economias, disse a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em relatório nesta segunda-feira.
A agência da ONU estima que havia o equivalente a 112 milhões de empregos em período integral a menos no primeiro trimestre de 2022 em comparação com os níveis pré-Covid, com um risco crescente, mas incerto, de que a quantidade de horas trabalhadas continue a diminuir ao longo deste ano.
A China foi responsável por 86% da queda nas horas trabalhadas devido a medidas de contenção da Covid-19, de acordo com o relatório, e as interrupções globais na cadeia de suprimentos, exacerbadas pela guerra na Ucrânia, ameaçam levar a um declínio ainda maior.
O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse a jornalistas que os números provavelmente não capturam os efeitos da guerra na Ucrânia.
A OIT, que disse que as perspectivas estavam cada vez mais nebulosas, agora prevê que no segundo trimestre haverá o equivalente a 123 milhões de empregos em período integral a menos em relação aos níveis pré-Covid.
"Existe um perigo muito real de que o próximo monitor, não importa quando o produzirmos, citará números que representarão uma deterioração bastante acentuada nas condições do mercado de trabalho", disse Ryder.
A inflação crescente, impulsionada principalmente pelos preços de energia e problemas na cadeia de oferta, também representa o risco de paralisar a recuperação econômica e dos empregos se a renda dos trabalhadores não acompanhar o ritmo, disse a OIT.
O risco geral de uma espiral preços-salários no futuro próximo é baixo, acrescentou a agência da ONU, apontando que os salários reais cresceram mais lentamente em 2021 do que antes da pandemia.
(Por Miranda Murray)