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Mineradoras precisam de mais engenheiros qualificados para atender padrão de segurança

Publicado 05.08.2020, 19:18
Atualizado 05.08.2020, 19:20
© Reuters.
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Por Helen Reid e Jeff Lewis

JOANESBURGO/TORONTO (Reuters) - As mineradoras precisam de mais engenheiros qualificados para conseguir atender aos novos e rígidos padrões globais de segurança para barragens de rejeitos, elaborados para evitar catástrofes como as vistas nos últimos anos, que mataram centenas de pessoas e inundaram comunidades com resíduos de mineração.

"A maioria das empresas está percebendo que há uma lacuna de qualificação, porque os profissionais sênior estão saindo e não há jovens suficientes chegando", disse a professora de engenharia Priscilla Nelson, que está elaborando um novo programa de rejeitos na Colorado School of Mines.

Especialistas afirmam que as mineradoras não deram grande importância ao gerenciamento de rejeitos, diante do pouco prestígio associado ao trabalho em remotas instalações de resíduos minerais, onde engenheiros analisam a consistência da lama e verificam a integridade da estrutura.

No Brasil, mais de 250 pessoas morreram em 2019, quando uma barragem da Vale (SA:VALE3) se rompeu em Brumadinho (MG), inundando as comunidades próximas com rejeitos.

O desastre, que ocorreu poucos anos após um colapso semelhante em uma mina em Mariana (MG), desencadeou um trabalho de um ano entre a indústria, investidores e um painel da Organização das Nações Unidas (ONU), que divulgaram o novo padrão global para barragens nesta quarta-feira.

Em junho, a Reuters noticiou detalhes do padrão, que o Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, na sigla em inglês) diz que será cumprido por seus membros de três a cinco anos, dependendo da classificação de risco das barragens. O padrão não é obrigatório, mas o painel acredita que as mineradoras vão adotá-lo.

O presidente-executivo do ICMM, Tom Butler, disse que membros que "não cumprirem de forma consistente" o novo padrão poderão ser expulsos do conselho.

"Queremos ver toda empresa que possui uma instalação de rejeitos adotando o padrão", afirmou.

O setor, porém, terá dificuldades para implementar as regras de segurança sem novos treinamentos e investimentos em cursos para reverter o fluxo cada vez menor de talentos no setor.

Um texto publicado em conjunto com o novo padrão disse que o conhecimento técnico profundo na área está concentrado em um grupo "relativamente pequeno" de especialistas em rejeitos de todo o mundo. Abaixo desse grupo, há uma "queda profunda" de expertise entre administradores e outros atores importantes, como os órgãos reguladores.

"Há uma falta de recursos na indústria da mineração para gerenciar os rejeitos", disse John Howchin, secretário-geral do Conselho de Ética dos Fundos Nacionais de Pensão da Suécia, que ajudou na criação do padrão.

"Qualquer nova falha --e não importa na mina de quem venha a ocorrer-- vai afetar toda a indústria. Todo mundo terá que elevar o sarrafo (para a segurança)", acrescentou Andy Fourie, diretor do novo programa de treinamento em gerenciamento de rejeitos da Universidade da Austrália Ocidental.

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