Por Alexandre Caverni
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, defendeu nesta sexta-feira que a independência da Polícia Federal não significa que a corporação tenha uma soberania de atuação, ao mesmo tempo em que afirmou que é ilusório pensar que um ministro ou mesmo presidente tem poder de interferir na PF.
"Essa independência e autonomia que a Polícia Federal tem, ela não significa uma soberania de atuação", disse o ministro em uma live do banco BTG Pactual (SA:BPAC11) com o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, que é presidente do Conselho de Administração do banco.
Segundo Mendonça, como ministro da Justiça, ele demanda uma atuação efetiva da PF e cobra resultados.
"Eu quero saber se estão fazendo operações, quais as dificuldades eles estão tendo, para tentar ajudar a solucionar. E isso é natural e seria, ao contrário, irresponsável se eu não fizesse isso como ministro da Justiça ou se o presidente da República não cobrasse isso", disse.
"Temos total tranquilidade de um lado que a Polícia Federal é um organismo que tem uma vida própria, e que seria impensável uma interferência na sua atuação investigativa, o que não significa que, em termos de gestão pública, nós não possamos dar o delineamento macro dessa atuação, até mesmo para dar os instrumentos adequados para que ela possa agir", acrescentou.
As declarações de Mendonça ocorrem num momento em que o presidente Jair Bolsonaro enfrenta um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) devido a acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro de que Bolsonaro teria tentado interferir politicamente PF.
"É ilusório pensar que qualquer ministro, qualquer presidente, qualquer político, tem poder de ingerência na Polícia Federal. Qualquer pessoa que vá fazer isso está cometendo um suicídio jurídico-político, nas duas vertentes", disse o atual ministro.
"Então, elucubrar uma interferência no trabalho da Polícia Federal é impensável", afirmou Mendonça. "E não é nesse governo, é em qualquer governo."