BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da República em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira que a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, por um tiro no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro, foi resultado da guerra com o narcotráfico, defendeu a atuação dos policiais no caso e ainda colocou em xeque a versão dos familiares da garota de que ela foi atingida por disparo feito pela força de segurança pública estadual.
"É aquela história. É a palavra de um contra o outro. E vocês sabem muito bem que nessas regiões aí de favela, se o cara disser que foi traficante que atirou (contra a criança), no dia seguinte, ele está morto", disse Mourão a jornalistas.
Mourão disse que o Estado tem de fazer suas operações e procurar de todas as formas possíveis a segurança da população, apesar de o narcotráfico colocar a população na rua e atirar contra as forças de segurança.
"Então, ele (narcotráfico) coloca em risco a própria gente que habita aquela região", disse Mourão, citando o fato de que ele já lidou como general com essa questão quando comandou operações nos complexos do Alemão e da Maré.
Mourão admitiu que a "emoção" em torno da morte de Ágatha pode prejudicar o debate sobre uma eventual aprovação de uma proposta pelo Congresso que prevê o excludente de ilicitude a policiais que estiverem em situação de confronto.
"Óbvio que dentro de um clima de emoção pode prejudicar", disse ele, ao ressalvar que a discussão sobre este assunto está sendo tratada pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
(Reportagem de Ricardo Brito)