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Mudança no equilíbrio de poder de BCs aumenta risco de erro na política monetária

Publicado 04.02.2022, 16:56
Atualizado 04.02.2022, 17:00
© Reuters. O logo do Banco Central Europeu em Frankfurt, Alemanha
23/01/2020
REUTERS/Ralph Orlowski/File Photo
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Por Balazs Koranyi e William Schomberg

FRANKFURT/LONDRES (Reuters) - Em apenas algumas poucas semanas, o equilíbrio de poder nos principais bancos centrais do mundo pendeu para os conservadores, o que prenuncia a maior onda de aperto monetário em anos.

No entanto, o rápido recuo dos "doves" (autoridades monetárias mais inclinadas a políticas estimulativas) diante da inflação nas alturas aumenta o risco de um erro de política monetária, já que os fundamentos econômicos não estão mudando tão rapidamente quanto o sentimento sobre política monetária.

O problema é que os bancos centrais estão sob pressão social e política para lidar com os preços em alta, que afetam negativamente a renda das famílias, corroem a riqueza e dominam o ciclo de notícias.

Mas a política monetária é ineficaz para conter pressões sobre os preços de curto prazo, e medidas agora só começarão a fazer efeito quando a inflação, provavelmente, estiver recuando acentuadamente de qualquer maneira.

Ainda assim, o Banco Central Europeu (BCE) colocou um aumento de juros em 2022 em discussão na quinta-feira, e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou a taxa em 0,25%, com uma minoria relevante pressionando por uma subida excepcionalmente alta da taxa de juros de 50 pontos-base.

Esses movimentos ocorreram poucos dias depois de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sinalizar uma série de altas nos juros. O primeiro provavelmente ocorrerá no próximo mês, possivelmente seguido por mais neste ano.

Com o BCE no campo "hawkish" (agressivo contra a inflação), o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) continua a ser, de longe, o maior ponto fora da curva e nem mesmo contempla aperto da política monetária, já que sua inflação permanece abaixo da meta.

"O resultado foi um balé bastante difícil, tentando enfatizar que eles ainda percebem que a inflação merece atenção, mas ao mesmo tempo sugerir que não é um problema que requer uma resposta urgente de política monetária", disse Paul Donovan, economista da UBS Global Wealth Management. "Nenhum dos principais bancos centrais parece ter acertado no balé."

A presidente do BCE, Christine Lagarde, reconheceu a importância do aspecto social do tema na quinta-feira.

"Sabemos que o ônus é principalmente suportado por aqueles que são mais vulneráveis, mais expostos e que enfrentam as dificuldades diárias de ter de suportar preços mais altos", afirmou. "Posso garantir que essa preocupação foi generalizada e coletiva em medidas iguais."

LEIA MAIS: BCs globais vão embarcar no "maior aperto quantitativo da história", diz Morgan Stanley

ERRO?

Movimentos rápidos podem impedir que a inflação alta se consolide se empresas, cujas decisões salariais influenciam os movimentos futuros de preços, acreditarem que os bancos centrais não tolerarão desvios de sua meta.

A inflação é, sem dúvida, dolorosamente alta. Na zona do euro, bateu um recorde de 5,1% no mês passado e ainda pode subir, enquanto no Reino Unido o pico pode ser superior a 7% no fim deste ano.

Mas não há nada que a política monetária possa fazer sobre preços globais de commodities como petróleo, gás e grãos, os grandes impulsionadores da inflação.

Dados esses limites na eficácia da política monetária, a oscilação a favor dos "hawks" (os falcões, autoridades menos tolerantes com a inflação) tem sido grande demais para alguns.

"O risco de que isso acabe como outro 'momento Trichet' não é zero", disse o Bank of America (NYSE:BAC)  (SA:BOAC34), referindo-se às altas dos juros pelo BCE em 2011 para aliviar uma pequena elevação da inflação às vésperas da crise da dívida do bloco. O evento é considerado, sem dúvida, o maior erro de política monetária na história da instituição.

Alguns também veem risco semelhante no Banco da Inglaterra (BoE).

© Reuters. O logo do Banco Central Europeu em Frankfurt, Alemanha
23/01/2020
REUTERS/Ralph Orlowski/File Photo

O presidente do BoE, Andrew Bailey, tentou moderar as expectativas ao alertar que, embora novos aumentos nos juros sejam possíveis, investidores não devem se "deixar levar" e ao enfatizar o "equilíbrio muito difícil" que o banco central enfrenta.

Essa mensagem pareceu confusa para alguns e fez parecer que o banco tenta atender a vários interesses ao mesmo tempo.

"Foi uma tentativa desajeitada de ser 'hawkish' e 'dovish' ao mesmo tempo, com o banco parecendo preso entre o medo de revisitar o surto inflacionário da década de 1970 e amplificar uma desaceleração ditada por um aperto recorde na renda real disponível e conduzir a economia do Reino Unido à recessão", disseram analistas da consultoria Evercore.

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