Por Marc Jones e Tom Arnold
LONDRES (Reuters) - A nova oferta da Argentina para os detentores de títulos recebeu aprovação preliminar de investidores e eles digeriam os detalhes nesta segunda-feira, embora ainda não houvesse sinal de que o país receberia a bênção do maior bloco de credores.
O governo argentino apresentou no domingo uma oferta melhorada, a qual aumentou o valor que os credores receberão, reduziu o tempo para pagamento e fez algumas mudanças em outras importantes áreas que haviam se tornado fonte de tensão.
Dois importantes fundos, Gramercy e FinTech, expressaram em questão de horas apoio ao acordo.
"Estamos ansiosos para apoiar a oferta da Argentina, pois ela fornece... sustentabilidade da dívida, o que é crucial para um crescimento econômico durável, elevado e inclusivo", disseram em comunicado.
Outros também se mostravam otimistas, esperando que as melhoras nos termos da oferta estejam próximas o suficiente dos anseios de grandes credores para que eles deem sua aprovação.
"Considerando tudo o que o país está passando, parece uma oferta razoavelmente boa", disse Alejandro Hardziej, da Pala Asset Management (uma das detentores de bônus), embora tenha dito que alguns detentores de títulos poderiam ter preferido um warrant (instrumento que dá direito a compra ou venda de determinado ativo) ligado ao PIB, que pague retorno extra se o crescimento econômico melhorar.
O governo começaria a pagar em um ano, em vez de três, e os pagamentos de cupons para novos títulos, embora começando em patamares baixos, poderiam subir para cerca de 5%.
"A diferença de avaliação com as últimas propostas dos detentores de títulos encolheu consideravelmente", disseram analistas do Citi em nota.
Os analistas esperam que uma proporção "considerável" de investidores que detinham títulos de "troca" --reestruturados na última vez que a Argentina deu calote-- assinem o acordo, já que o governo se afastou de ações para corroer seus direitos legais.
Contudo, pode não haver uma aceitação tão alta daqueles com títulos vendidos durante o governo anterior, de Mauricio Macri, uma vez que os títulos de substituição seriam emitidos em termos que oferecem menos proteção legal.
Para o governo argentino, um acordo é essencial para evitar um impasse legal que poderia impedir o acesso do país aos mercados internacionais de crédito. As negociações da dívida progrediram esporadicamente até serem abaladas por turbulência em meados de junho, quando os maiores detentores de títulos, liderados por nomes como BlackRock, Ashmore e Fidelity, criticaram o governo por falta de compromisso.
Esse grupo, que detém 21 bilhões de dólares dos 65 bilhões de dólares em títulos que a Argentina procura reestruturar, não deu resposta imediata à nova oferta, solicitada pela Reuters.
"Há uma diferença tão pequena em relação ao que eles estavam pedindo", disse Hardziej, cuja empresa não faz parte de uma aliança de credores. "Esperamos que esta seja a última oferta e esperamos que funcione."