Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Por causa da alta concentração de serviços bancários no país, o Open Finance é muito mais agressivo no Brasil do que em outros países, disse Bruno Balduccini, sócio do Pinheiro Neto Advogados, em palestra da Eleven Sessions de hoje (16). Ele explica que além do tamanho do mercado, o interesse do brasileiro em experimentar novas tecnologias também faz com que o movimento no sistema tenha um potencial mais disruptivo.
Balduccini diz que o Banco Central estaria tirando duas barreiras do mercado com o Open Banking: a física, já que não é necessário ter um espaço físico para oferecer os serviços bancários; e a de acesso à informação, reduzindo a assimetria de dados entre as instituições.
Isso vai possibilitar que o cliente escolha o serviço que mais o atrai em cada empresa, criando relações com várias companhias e deixando de lado a ideia de um único banco com multiprodutos. A tendência, para Balduccini, também é que produtos caros e automatizados, como o cheque especial, deixem de existir, já que outras instituições terão acesso aos dados do cliente e poderão fazer propostas mais interessantes.
Essa é uma mudança estrutural, que vai trazer mais competição e inovação no sistema, diz Bruno Loiola, co-fundador e chief growth officer da Pluggy, que também participou do evento. Na sua visão, o Open Finance será uma grande vantagem para o cliente, já que será possível usar serviços bancários sem ter uma relação exclusiva com um único banco.
É claro que isso irá demandar maior segurança e fiscalização por parte das autoridades responsáveis, aponta Loiola. Mas ele acredita que as fintechs que surgirão desse movimento estarão preparadas para isso e o interesse das pessoas vai incentivar o desenvolvimento de tecnologias.
Loiola destaca, porém, que o grande desafio será o cumprimento do cronograma esperado pelo Banco Central, que já tem atrasos consentidos. Por mais que as empresas financeiras criadas nos últimos anos estejam mais preparadas para o Open Banking, os bancos mais antigos demandam mais tempo para adaptar as novas determinações às legislações já existentes.