BUENOS AIRES (Reuters) - Um pacto social firmado pelo novo governo da Argentina com empresários e sindicalistas envia uma "mensagem contundente" aos credores de que a abalada economia deve ser reativada para que o país possa pagar sua dívida, disse na quinta-feira o presidente argentino, Alberto Fernández.
A equipe econômica do governo peronista está negociando com o Fundo Monetário Internacional e com os detentores de títulos privados em busca de um acordo para redução da dívida antes dos vencimentos relativamente grandes previstos para o segundo trimestre deste ano.
"É a primeira vez que empresários, trabalhadores e o Estado se reúnem para dizer aos credores que... a Argentina deve crescer primeiro e depois cumprir suas obrigações", afirmou Fernández em entrevista à Rádio 10. "Essa foi uma mensagem muito contundente para o Fundo e para os credores."
Na semana passada, o governo garantiu o apoio de empresários e sindicatos ao "Compromisso Argentino pelo Desenvolvimento e à Solidariedade", uma declaração de intenção de remover a Argentina da recessão e da alta inflação.
O documento diz que "a vontade de pagar requer condições compatíveis com a atenção da dívida social e o crescimento da economia... Sem isso, seria impossível cumprir as obrigações assumidas pelo país".
Sobre o relacionamento com o FMI, Fernández disse que estava "bem". Ele argumentou que "há outra conduta no Fundo, há uma visão mais realista do que está acontecendo". Em outra ocasião, ele havia acusado a liderança anterior do FMI de endividar excessivamente a Argentina pelas necessidades eleitorais do governo passado.
O FMI tem dito que compartilha os objetivos de Fernández, mas precisa conhecer seus planos econômicos antes de discutir uma reestruturação da dívida.
Na entrevista, o presidente disse esperar a chegada de uma missão do Fundo à Argentina, embora não tenha indicado uma data precisa.
Enquanto negocia com os credores, o ministro da Economia, Martín Guzmán, honrou os pagamentos de títulos internacionais que expiraram no final de dezembro. No entanto, também adiou vencimentos locais que já haviam sido adiados pelo governo do ex-presidente Mauricio Macri.
(Reportagem de Gabriel Burin)