Após a criação de 168.503 vagas em janeiro (dado revisado nesta quarta, 27), o mercado de trabalho formal registrou saldo positivo de 306.111 carteiras assinadas em fevereiro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho.
O resultado decorreu de 2.249.070 admissões e 1.942.959 demissões, e representa salto de 21,2% em relação a fevereiro do ano passado, quando houve abertura de 252.451 vagas com carteira assinada. Alguns especialistas já afirmaram que o aquecimento do mercado de trabalho pode fazer com que o Banco Central (BC) desacelere o ritmo de corte da taxa básica de juros, a Selic. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classifica a estratégia como sendo "burra".
O número de fevereiro veio acima da mediana das estimativas de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, que indicava a abertura de 232,5 mil postos de trabalho.
No acumulado dos dois primeiros meses de 2024, o saldo do Caged já é positivo em 474.614 de vagas. No mesmo período do ano passado, houve criação líquida de 342.509 postos formais.
O saldo de abertura de vagas foi novamente puxado pelo setor de serviços, com a criação de 193.127 postos formais, seguido pela indústria geral, que abriu 54.448 vagas. A construção civil gerou 35.053 vagas, enquanto o comércio registrou abertura de 19.724 vagas. Houve ainda saldo 3.759 contratações na agropecuária.
O salário médio de admissão nos empregos com carteira assinada foi de R$ 2.082,79, recuo de 2,36%, ou R$ 50,42, sobre janeiro.
Forma 'burra'
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, avaliou que os dados do Caged ficaram "acima da expectativa", mas criticou a preocupação expressa pelo BC sobre o crescimento da massa salarial e os efeitos na inflação de serviços, que poderiam trazer reflexos no processo de queda de juros. "Está faltando estudar um pouco de fundamentos da economia", disse Marinho sobre a autoridade monetária.
O ministro disse que existem duas maneiras de controlar a inflação: de uma forma "burra", por meio do aumento de juros e corte no crédito, e de uma forma "inteligente", que seria pelo aumento da produção e da oferta. Segundo ele, o BC deve colaborar com a economia por meio da redução dos juros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.