PARIS (Reuters) - Os países do G20 e os credores do Clube de Paris precisam começar a pensar no alívio da dívida para os países mais pobres para além de um acordo de suspensão do pagamento da dívida neste ano, disseram chefes financeiros nesta quarta-feira.
Em uma conferência online do G20, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse que a reestruturação da dívida pode ser necessária, a depender do país, para aqueles "que simplesmente não conseguem se manter emersos sem determinada ação".
O Grupo das 20 principais economias e o Clube de Paris --este um grupo informal de credores estatais coordenado pelo Ministério das Finanças da França-- concordaram em abril em congelar pagamentos da dívida dos 73 países mais pobres até o final de 2020.
"Precisamos começar a pensar no que vem a seguir, teremos que tomar decisões no final de 2020", disse o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, durante a conferência, focando dívidas de mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
"Poderíamos decidir prolongar a iniciativa por alguns meses ou já poderíamos começar uma nova fase que poderia envolver uma reestruturação mais profunda da dívida para alguns países, caso a caso e em uma estrutura multilateral."
Até agora, 41 países solicitaram alívio do serviço da dívida sob o acordo de suspensão de pagamentos, e o Clube de Paris assinou acordos com 20 países, da Costa do Marfim à Etiópia e Paquistão.
A Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI, na sigla em inglês), como é oficialmente conhecida, liberará 12 bilhões de dólares que países podem usar para lidar com os problemas econômicos e de saúde causados pelo coronavírus, segundo dados do Banco Mundial.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, disse na conferência que o congelamento dos pagamentos da dívida não será suficiente para alguns países altamente endividados que precisam de reduções permanentes no serviço da dívida.
A iniciativa também é única ao trazer a China à mesa, já que o país se tornou um grande credor nos últimos anos e é alvo de críticas frequentes por falta de transparência em seus empréstimos.
(Reportagem de Leigh Thomas em Paris e Andrea Shalal em Washington)