Por Philip Pullella
UR, Iraque (Reuters) - O Papa Francisco entrou em um beco estreito na cidade sagrada de Najaf, no Iraque, para realizar uma reunião histórica com o principal clérigo xiita do país e visitou o local de nascimento do profeta Abraão, neste sábado, condenando a violência em nome de Deus como “a maior blasfêmia”.
Os eventos inter-religiosos em sequência, separados por 200 quilômetros, um em uma cidade empoeirada e outro em uma planície no deserto, reforçaram o principal tema de sua arriscada viagem ao Iraque - que o país já sofreu demais.
“Deste lugar, onde a fé nasceu, da terra de nosso pai Abraão, vamos afirmar que Deus é misericordioso e que a maior blasfêmia é profanar seu nome odiando nossos irmãos e irmãs”, afirmou Francisco em Ur, onde Abraão nasceu.
Com o vento do deserto soprando em sua batina branca, Francisco, sentado com líderes muçulmanos, cristãos e yazidis, falou diante da escavação arqueológica de 4.000 anos que compreende um zigurate em estilo pirâmide, um complexo residencial, templos e palácios.
Horas antes, em Najaf, Francisco se reuniu com o grande aiatolá Ali al-Sistani, uma visita que representa um poderoso sinal para a coexistência em um país revirado pela violência.
A invasão dos EUA em 2003 jogou o Iraque em anos de conflitos sectários. A segurança melhorou desde a derrota do Estado Islâmico em 2017, mas o Iraque continua sendo palco para ajustes de contas globais e regionais, especialmente para a realidade entre EUA e Irã.
Sistani, 90, é uma das figuras mais influentes do islamismo xiita, tanto dentro quanto fora do Iraque, e a reunião entre ambos foi a primeira entre um papa e um clérigo xiita tão importante.
Após a reunião, Sistani pediu que líderes religiosos responsabilizem as grandes potências e também que a sabedoria e o bom senso prevaleçam em detrimento das guerras. Acrescentou que cristãos deveriam viver como todos os iraquianos em paz e coexistência.