ROMA (Reuters) - O principal partido de oposição da Itália disse nesta quarta-feira que está disposto a conversar com o anti-establishment Movimento 5-Estrelas a respeito da formação de um governo após o colapso da coalizão populista anterior.
Nicola Zingaretti, chefe do Partido Democrático (PD) de centro-esquerda, disse querer explorar a possibilidade de dividir o poder com o 5-Estrelas nos últimos três anos da legislatura.
Se a aposta fracassar, as eleições devem ser antecipadas, disse.
O presidente italiano, Sergio Mattarella, deve iniciar dois dias de conversas com vários líderes partidários ainda nesta quarta-feira em busca de uma saída para a crise política desencadeada pela renúncia do primeiro-ministro, Giuseppe Conte.
Conte supervisionou uma coalizão entre o 5-Estrelas e a Liga, de extrema-direita, comandada pelo ministro do Interior, Matteo Salvini, que decidiu acabar com a aliança e pressionar por eleições antecipadas na esperança de capitalizar sua popularidade crescente nas pesquisas.
Ele pareceu ver como certo que o PD jamais cogitaria se aliar ao 5-Estrelas, com o qual sempre teve relações conturbadas.
Mas a centro-esquerda disse que a economia frágil da Itália precisa ser preservada e está disposta a tentar minar a vantagem de Salvini nas pesquisas antes de voltar às urnas.
Zingaretti impôs cinco condições que disse que deveriam ser a espinha dorsal de qualquer acordo: "filiação leal" à União Europeia; dar um papel central ao Parlamento; desenvolvimento econômico baseado em sustentabilidade ambiental; uma mudança no tratamento dos imigrantes e uma mudança na política econômica para fortalecer o investimento.
"Se estas condições forem trazidas a bordo nos próximos dias, com base em uma descontinuidade necessária e com uma base parlamentar ampla, estamos dispostos a assumir a responsabilidade de criar um governo de mudança para a legislatura inteira", disse.
Os mercados financeiros se animaram com a renúncia de Conte, aparentemente esperançosos de que uma coalizão 5-Estrelas/PD possa vingar e evitar a antecipação das eleições.
Alguns investidores temem que, se Salvini usar as urnas para formar um governo liderado pela Liga e assumir como premiê, acelere os gastos e coloque a nação profundamente endividada em rota de colisão com a UE.
(Por Angelo Amante e Crispian Balmer)