(Reuters) - O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou nesta quarta-feira que foi alvo de uma "ação orquestrada" para deixar o comando da pasta e citou as pressões políticas dirigidas ao ministério por destinação de recursos.
Em um discurso de despedida a funcionários da pasta ao lado do novo titular do ministério, Marcelo Queiroga, Pazuello, que é general, disse que tentou reagir às tentativas de derrubá-lo do cargo, mas já sabia que seria impossível permanecer.
"Mostrei todas as ações orquestradas contra o ministério, eram oito", disse Pazuello, de acordo com um vídeo do discurso obtido pela Reuters. "Não tinha como nós chegarmos ao dia 20 de março, porque todo o conjunto estava trabalhado."
Pazuello não identificou as pessoas ou grupos que estariam agindo contra ele, mas disse que médicos que trabalham no ministério produziram uma "pseudo nota técnica", enviada ao presidente Jair Bolsonaro, que colocaria sua gestão em situação vulnerável. Ele não detalhou o conteúdo do documento.
O ex-ministro, que deixou o cargo nesta semana para dar lugar ao cardiologista Queiroga, disse ainda que não se pode esquecer que o Ministério da Saúde é o "foco das pressões políticas" devido aos recursos liberados para Estados e municípios.
"É fundamental ter um ministro da Saúde médico, mas nós não podemos esquecer que o Ministério da Saúde é o foco, o alvo, das pressões políticas", afirmou.
"Por quê? Por causa do dinheiro que é direcionado aqui. A operação de grana com fins políticos acontece aqui. Nós conseguimos acabar com 100%? Claro que não. Não era possível. 100% nem Jesus Cristo. Nós acabamos com muito", afirmou.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)