Por Karen Braun
NAPERVILLE, Illinois (Reuters) - Traders venderam a soja de Chicago neste mês de forma espetacular, à medida em que as preocupações econômicas aumentam e a colheita abundante do Brasil chega ao mercado.
No entanto, agricultores dos EUA ainda não iniciaram o plantio da próxima safra, e a situação da oferta doméstica não está exatamente confortável, com os estoques relativos ao uso definidos para o menor nível em nove anos até setembro.
O contrato de soja mais ativo na CBOT caiu nesta quarta-feira para o nível mais baixo desde o início de dezembro, encerrando quase 6% abaixo da máxima deste mês.
A soja da nova safra, contrato novembro, teve o pior desempenho, fechando a 12,7250 dólares por bushel, mais de 8% abaixo da máxima do mês.
A venda de soja novembro ganhou força nesta quarta-feira, mergulhando drasticamente no território de sobrevenda, já que o índice de força relativa, um indicador técnico importante, caiu abaixo de 20. Valores em 30 ou abaixo normalmente sugerem condições de sobrevenda, e o valor abaixo de 20 não foi visto em grãos da nova safra desde os primeiros dias da pandemia de Covid-19, em 2020.
A soja da nova safra perdeu 5,5% até agora neste mês, e pode estar se preparando para o pior março desde 2008, quando o contrato caiu 24% em meio ao agravamento de uma crise financeira.
A turbulência do setor bancário, a inflação e os conflitos geopolíticos assustaram recentemente os investidores de commodities, mas os mercados externos podem não ser os culpados pela desaceleração desta semana em grãos e oleaginosas, especialmente na soja.
Os contratos futuros de petróleo bruto subiram até agora esta semana, as ações dos EUA também vinham ganhando até que o Federal Reserve no final da sessão desta quarta-feira anunciou um aumento da taxa de juros amplamente esperado.
No entanto, os óleos vegetais e oleaginosas globais foram fortemente afetados, atingindo nesta semana mínimas de vários meses e vários anos.
Em 14 de março, os gestores de recursos forjaram sua primeira posição líquida de baixa nos futuros e opções de milho da CBOT desde agosto de 2020, após uma venda recorde de três semanas. Mas eles ainda estavam bem otimistas com a soja com uma posição líquida comprada de 127.661 contratos e um "book" relativamente leve de posições vendidas definitivas.
Os fundos podem ter voltado seu foco de vendas para a soja desde então. O maior despejo semanal dos corretores de futuros e opções de soja em Chicago foi de cerca de 61.400 contratos em novembro de 2019, exigindo o dobro do recorde semanal de fundos para ficar estável até o próximo relatório.
A venda líquida de milho recentemente atingiu um recorde semanal de mais de 147.000 contratos na última semana de fevereiro, bem acima da máxima anterior, de 104.000.
Apesar dos catastróficos problemas de colheita na Argentina, a enorme colheita do Brasil e o igualmente enorme programa de exportação pesaram recentemente no mercado da soja. No entanto, o tamanho potencial da safra de soja dos EUA continua em debate com os planos de plantio dos agricultores ainda desconhecidos.
O relatório de intenções de plantio dos EUA frequentemente pega o mercado desprevenido. Áreas de soja surpreendendo para o lado mais baixo das estimativas comerciais são estatisticamente mais prováveis, e ocorreram em sete dos últimos 10 anos. A Reuters deve publicar estimativas comerciais antes do relatório.
Karen Braun é analista de mercado da Reuters. As opiniões expressas acima são dela.