Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O novo governo do Peru está avaliando medidas de estímulo econômico para as regiões que estão sendo afetadas por protestos após a queda do líder esquerdista Pedro Castillo, mas manterá firme as metas de déficit fiscal, consideradas "não negociáveis", disse o ministro da Economia na terça-feira.
Castillo foi deposto pelo Congresso e preso na semana passada, provocando protestos em regiões rurais de mineração que deixaram ao menos seis mortos. O país é o segundo maior produtor de cobre do mundo.
A turbulência política está ameaçando cada vez mais a estabilidade econômica do Peru, com as agências de classificação alertando para rebaixamentos, bloqueios que afetam as principais minas e manifestantes exigindo a renúncia do Congresso e da nova presidente, Dina Boluarte.
"Não descartamos algumas medidas para tentar gerar reativação, em particular nestas áreas de convulsão. Reconhecemos que há descontentamento entre os cidadãos", disse o ministro da Economia, Alex Contreras, à Reuters em sua primeira entrevista com a mídia internacional.
Em meio a alertas de agências de classificação sobre o impacto econômico da agitação e possíveis gastos elevados, Contreras prometeu que a responsabilidade fiscal será mantida.
"(A meta de) déficit fiscal é algo para nós que não é negociável", disse ele, acrescentando que o governo precisa tomar "medidas muito rápidas" para estimular o crescimento, mas "que possam ser executadas com os balanços que vamos ter este ano".
O Peru tem como objetivo déficit fiscal de 2,5% do PIB este ano e de 2,4% no próximo. As perspectivas de crescimento em 2022 foram reduzidas no mês passado para entre 2,7% e 3%, de 3,3% antes.
Contreras disse que o impacto econômico dos protestos, que começaram há pouco menos de uma semana com pedidos de novas eleições rápidas, é de cerca de 80 milhões de soles (21,05 milhões de dólares) por dia.
"O impacto dos protestos é limitado, acreditamos que eles irão se moderar nos próximos dias", disse ele, acrescentando que a agitação não forçará o governo a mudar suas perspectivas para 2023.
"Não vamos rever as projeções"