Por Shariq Khan
BENGALURU (Reuters) - Os índices de referência do petróleo saltaram 6% nesta segunda-feira, um dia depois de o grupo Opep+ abalar os mercados com planos de cortar mais produção, aumentando o temor de aperto na oferta, enquanto alguns alertaram para redução da demanda se as refinarias hesitarem em pagar preços mais altos pela commodity.
O Brent fechou em alta de 5,04 dólares, ou 6,3%, a 84,93 dólares o barril, depois de atingir o maior nível desde 7 de março, a 86,44 dólares.
O petróleo dos EUA (WTI) fechou com ganhos de 4,75 dólares, ou 6,3%, a 80,42 dólares o barril, depois de subir para uma máxima de dois meses durante a sessão.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo a Rússia, um grupo conhecido como Opep+, abalou os mercados com o anúncio de domingo de que reduzirá sua meta de produção em mais 1,16 milhão de barris por dia (bpd).
As últimas promessas elevam o volume total de cortes da Opep+ para 3,66 milhões de bpd, incluindo um corte de 2 milhões de barris em outubro passado, segundo cálculos da Reuters, equivalente a cerca de 3,7% da demanda global.
O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, disse que recebeu um "aviso" sobre o corte de produção e disse às autoridades sauditas que discordava dele.
A Opep descreveu os cortes como precaução. Analistas disseram que o enfraquecimento da economia e o aumento dos estoques de petróleo apoiaram a decisão. No mês passado, os preços do Brent haviam sido negociados perto de 70 dólares o barril, uma mínima de 15 meses, por temores de enfraquecimento da demanda.
Desde meados de dezembro, os estoques de petróleo bruto dos EUA aumentaram de forma bastante constante e atingiram seu nível mais alto em dois anos na semana encerrada em 17 de março, disse o analista da Mizuho (NYSE:MFG) Bob Yawger.
Ainda assim, as restrições de produção da Opep+ levaram a maioria dos analistas a aumentar suas previsões de preço do petróleo Brent para cerca de 100 dólares por barril até o final do ano. Isso, por sua vez, pode levar a aumentos mais agressivos das taxas de juros por parte dos bancos centrais e gradualmente empurrar as economias para mais perto de uma recessão, disseram Yawger e outros.
A atividade manufatureira dos EUA caiu para o nível mais baixo em quase três anos em março e pode cair ainda mais com crédito mais restrito e custos de empréstimos mais altos.
O choque inflacionário na economia mundial devido ao aumento dos preços do petróleo resultará em mais aumentos de juros, disse Fawad Razaqzada, analista de mercado do City Index.
"As pessoas não vão parar de dirigir ou viajar de avião por causa dos altos preços do petróleo. Portanto, a demanda provavelmente será prejudicada apenas moderadamente pelo aumento dos preços do petróleo", disse ele.
A longo prazo, no entanto, a demanda por energia pode cair se as refinarias de petróleo reduzirem a atividade para conter o aumento dos custos de insumos. A menor produção de refino pode empurrar os preços na bomba para perto dos níveis recordes do ano passado, de 5 dólares o galão disse Yawger, da Mizuho.
(Reportagem de Shariq Khan; reportagem adicional de Noah Browning, Mohi Narayan e Florence Tan)