BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal fez buscas nesta segunda-feira na casa do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e da sua esposa, a deputada federal Rejane Dias (PT) e no gabinete da parlamentar na Câmara dos Deputados, dentro da operação Topique, que investiga desvios na Secretaria de Educação do Estado.
De acordo com a Polícia Federal, a operação desta segunda dá sequência a ações de 2018 e 2019 que investigam um suposto esquema de fraude em licitações para transporte escolar. O Ministério Público do Piauí afirma que a cúpula da Secretaria de Educação se associou a empresários para desviar 50 milhões de reais de recursos da educação.
"Mesmo após duas fases ostensivas da operação, o governo do Estado do Piauí mantém contratos ativos com as empresas participantes do esquema criminoso que totalizam o valor de 96,6 milhões de reais entre 2019 e 2020", diz a nota da PF.
Rejane Dias foi secretária de Educação no Piauí entre 2015 e 2018. Em nota, a deputada diz que aguarda com tranquilidade os desdobramentos da operação e que "sempre se portou em observância às leis, tendo em vista a melhoria dos índices educacionais e a ampliação do acesso à educação dos piauienses."
Já o governador, que não é alvo direto da operação, mas teve a residência como alvo das buscas por causa de sua esposa, disse que a operação foi feita em uma residência onde mora seu filho, médico, e classificou a ação como "mais um espetáculo".
De acordo com Wellington, a investigação trata de um fato de 2013, quando ele não era governador e sua esposa não era secretária de educação.
"O governador ressalta que o Estado é vítima e o maior interessado na resolução desta questão e irá trabalhar para que tudo seja plenamente esclarecido", diz a nota.
O PT, partido do governador e da deputada, classificou a ação de perseguição política.
"A invasão das residências do governador e de seus familiares pela Polícia Federal, além da tentativa ilegal de invadir o gabinete da deputada Rejane, é uma notória operação midiática de perseguição e destruição de imagem pública. Os abusos foram cometidos a partir de uma operação que se prolonga há quase três anos e deveria investigar fatos anteriores ao governo Wellington Dias. Nem o governador nem a deputada são acusados de nada que justifique minimamente tais abusos", disse o partido em nota assinada pela presidente, deputada Gleisi Hoffman (PR).
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)