Por Michael Georgy
BEIRUTE (Reuters) - A polícia libanesa lançou bombas de gás lacrimogêneo para tentar dispersar manifestantes que jogavam pedras e bloqueavam uma via perto do Parlamento em Beirute neste domingo, em um segundo dia de protestos contra o governo desencadeados pela explosão devastadora da última terça-feira.
O fogo irrompeu em uma entrada para a Praça do Parlamento enquanto os manifestantes tentavam invadir uma área isolada, segundo imagens de TV. Os manifestantes também invadiram os escritórios de ministérios.
A enorme explosão de terça-feira matou 158 pessoas e feriu mais de 6.000, além de destruir partes da cidade, num momento de crise política e econômica, gerando furiosos apelos para que o governo renuncie.
Policiais da tropa de choque entraram em confronto com os manifestantes enquanto milhares de pessoas convergiam para a Praça do Parlamento e para a Praça dos Mártires, disse um correspondente da Reuters.
"Demos a esses líderes tantas chances de nos ajudar e eles sempre falharam. Queremos todos eles fora, especialmente o Hezbollah, porque é uma milícia e apenas intimida as pessoas com suas armas", disse Walid Jamal, um manifestante desempregado, referindo-se ao o grupo armado mais influente do país, apoiado pelo Irã, que tem ministros no governo.
O patriarca cristão maronita, Bechara Boutros al-Rai, disse que o gabinete deveria renunciar, uma vez que não pode "mudar a forma como governa".
"A renúncia de um parlamentar ou ministro não é suficiente... todo o governo deveria renunciar, pois não é capaz de ajudar o país a se recuperar", afirmou em seu sermão de domingo.
A ministra da Informação, Manal Abdel Samad, disse que estava renunciando ao cargo no domingo, citando a explosão e o fracasso do governo em realizar reformas.
Os protestos de sábado foram os maiores desde outubro, quando milhares de pessoas foram às ruas para exigir o fim da corrupção e da má governança.
Cerca de 10.000 pessoas se reuniram na Praça dos Mártires, que foi transformada em uma zona de batalha à noite entre a polícia e os manifestantes, que tentaram romper uma barreira ao longo de uma via que leva ao Parlamento. Alguns manifestantes invadiram ministérios do governo e a Associação de Bancos Libaneses.
Um policial foi morto e a Cruz Vermelha disse que mais de 170 pessoas ficaram feridas.
O primeiro-ministro e a Presidência disseram que 2.750 toneladas de nitrato de amônio altamente explosivo, usado na fabricação de fertilizantes e bombas, foram armazenadas por seis anos sem medidas de segurança no depósito do porto.
O governo diz que punirá os responsáveis.