RIO DE JANEIRO (Reuters) - A polícia do Rio de Janeiro prendeu quatro pessoas nesta quinta-feira em uma operação que é um desdobramento das investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, informou a corporação.
A Polícia Civil e o Ministério Público cumpriram no total cinco mandados de prisão e 20 de busca e apreensão. Entre os alvos estão pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, que recebeu um mandado na prisão em penitenciária fora do Rio onde já está preso acusado de ser um dos executores do crime.
Na operação desta quinta, os crimes citados são obstrução de Justiça, porte de arma e associação criminosa. O grupo é acusado de ter ocultado armas usadas pela quadrilha, entre elas possivelmente a submetralhadora que teria sido usada para matar Marielle e Anderson.
"O grupo teria executado o plano de jogar as armas nas águas da Barra da Tijuca", disse a polícia em nota. "O armamento foi lançado ao mar dois dias depois das prisões de Ronnie e do ex-PM Élcio de Queiroz, ocorridas em 12 de março deste ano”, acrescentou a nota.
Em depoimento, segundo a polícia, um pescador revelou que foi contratado por 300 reais por um homem para levá-lo ao mar onde “fuzis e pequenas caixas”, que estavam em uma mala e em uma caixa, seriam jogados ao mar.
"Com o auxílio de mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha, foram realizadas buscas no local, mas nada foi encontrado. A grande profundidade e as águas muito turvas dificultaram o trabalho”, acrescentou a nota da polícia.
Outras investidas serão feitas em alto mar em breve em busca das armas, de acordo com o delegado Daniel Rosa. “Foram eliminadas ao menos seis armas de grosso calibre“, disse ele a jornalistas.
O crime da vereadora e do motorista dela ocorreu há mais de um ano e meio e até agora a polícia não revelou a motivação e quem mandou matar a parlamentar.
Apesar dessa nova etapa das investigações, as autoridades não quiseram dar uma estimativa sobre a conclusão do caso.
“Estamos envidando todos os esforços para o crime ser elucidado, mas a investigação tem seu tempo e se ainda não houve denúncia até agora é por que não sem tem elementos e não queremos fazer algo de forma açodada“, disse a promotora Simone Sibilio a jornalistas.
A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck, reiterou a preocupação da organização com a demora em se descobrir os autores intelectuais do crime e cobrou a resolução completa do caso, após a deflagração de mais uma operação.
"Esperamos que todos os envolvidos na morte, inclusive seus mandantes, sejam identificados e levados à Justiça”, afirmou Werneck em nota. "O recado é claro: nenhum defensor dos direitos humanos está seguro no Brasil enquanto esse caso permanecer impune."
(Por Rodrigo Viga Gaier)