Por Andrea Shalal
(Reuters) - A demanda mais forte por serviços e o progresso na redução da inflação aumentaram as chances de que a economia global possa escapar da recessão, mas os riscos fiscais e financeiros são abundantes, disse a chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, nesta quinta-feira.
Georgieva, preparando o terreno para as reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial na próxima semana, disse que choques sucessivos desde 2020 cortaram 3,7 trilhões de dólares da produção global, que o crescimento atual segue bem abaixo dos níveis anteriores à pandemia e que as perspectivas de crescimento de médio prazo enfraqueceram ainda mais.
A inflação persistente significa que as taxas de juros terão que permanecer "mais altas por mais tempo" e a fragmentação econômica ameaça atingir mais fortemente as economias emergentes e em desenvolvimento, disse ela.
Em discurso pré-preparado para ser lido em evento em Abidjan, na Costa do Marfim, Georgieva disse que o próximo relatório Perspectivas da Economia Mundial do FMI, que será divulgado na terça-feira, mostrará uma recuperação lenta e desigual, com diferenças marcantes emergindo em tendências globais.
"A economia mundial demonstrou uma resiliência notável, e o primeiro semestre de 2023 trouxe algumas boas notícias, em grande parte devido à demanda por serviços mais forte do que o esperado e ao progresso tangível na luta contra a inflação", disse Georgieva. "Isso aumenta as chances de um pouso suave para a economia global. Mas não podemos baixar a guarda."
Georgieva afirmou que o ritmo atual de crescimento é "bastante fraco", bem abaixo da média de 3,8% do período pré-pandemia, e que a inflação provavelmente permanecerá acima da meta em alguns países até 2025.
"Para vencer a luta contra a inflação, é necessário que as taxas de juros permaneçam mais altas por mais tempo", afirmou ela. "É fundamental evitar uma flexibilização prematura da política monetária, dado o risco de ressurgimento da inflação."
Georgieva disse que as expectativas de um "pouso suave" ajudaram a impulsionar vários preços de ativos, mas que um rápido retorno da inflação pode levar a um forte aperto das condições financeiras.
A maioria das economias avançadas está em desaceleração e a atividade econômica na China, a segunda maior economia do mundo, continua abaixo das expectativas, disse ela, ressaltando que muitos outros países sofrem com um "crescimento anêmico".
A fragmentação econômica -- marcada pelo protecionismo, controles de exportação e um recuo do comércio global -- ameaçou minar ainda mais as perspectivas de crescimento, especialmente para as economias emergentes e em desenvolvimento, afirmou ela.