BUDAPESTE (Reuters) - O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, disse nesta sexta-feira que "questões muito difíceis" precisarão ser respondidas antes que a União Europeia possa iniciar as discussões pela adesão da Ucrânia.
Os países do bloco europeu devem decidir em dezembro se permitirão que a Ucrânia inicie as conversas pela adesão, o que exigirá o apoio unânime de todos os 27 membros. Os diplomatas têm tido que a Hungria pode ser um obstáculo.
"Não podemos evitar a questão -- quando tivermos negociações em Bruxelas sobre o futuro da Ucrânia -- se podemos realmente considerar seriamente a adesão de um país, para iniciar as discussões de adesão com um país que está em guerra", disse Orbán à rádio estatal.
"Não sabemos qual é o tamanho do território desse país, pois a guerra ainda está em andamento, não sabemos qual é o tamanho de sua população, pois eles estão fugindo... admitir um país na União Europeia sem conhecer seus parâmetros será algo sem precedentes."
"Portanto, acho que precisamos responder a perguntas muito longas e difíceis até chegarmos à decisão sobre o início das discussões de adesão", disse ele.
Comentando as falas de Orbán, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse que é positivo "que o primeiro-ministro húngaro esteja preocupado com a adesão da Ucrânia à União Europeia".
"Gostaríamos de informar que a Ucrânia não mudou seu território dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas", acrescentou o ministério.
Orbán cultiva laços mais calorosos com Moscou do que muitos de seus colegas e tem repetidamente travado relações com Kiev, inclusive sobre o direito dos húngaros étnicos de aprender em sua língua nativa depois que a Ucrânia aprovou uma lei de 2017 que restringe o uso de línguas minoritárias nas escolas.
Ele disse ao Parlamento na segunda-feira que a Hungria não apoiará a Ucrânia em nenhuma questão de assuntos internacionais até que os direitos linguísticos dos húngaros étnicos sejam restaurados.
(Por Krisztina Than)