FRANKFURT (Reuters) - As duas principais autoridades do Banco Central Europeu (BCE) enfatizaram nesta sexta-feira o foco da instituição em reduzir a inflação na zona do euro antes que ela se consolide.
Os investidores estão tentando avaliar até onde o BCE está preparado para ir no combate ao aumento de dois dígitos nos preços, com a pressão sobre os bancos centrais em todo o mundo aumentando depois que o Federal Reserve sinalizou mais altas na taxa de juros, embora talvez menores.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, e seu vice, Luis de Guindos, indicaram que o banco central está determinado a fazer sua parte e pediram aos 19 governos da zona do euro que evitem impulsionar os preços com gastos excessivamente generosos.
Lagarde reconheceu que os aumentos dos juros do BCE, que levaram sua taxa de depósito de -0,5% para 1,50% em três meses, funcionam com defasagem, mas ela argumentou que as autoridades não podem se dar ao luxo de esperar para ver seu efeito total.
"Se virmos, por exemplo, a inflação se tornando mais persistente e as expectativas correndo o risco de desancoragem, não poderíamos esperar até que o impacto total das medidas de política monetária se materialize", disse Lagarde em discurso na Estônia.
"Precisamos tomar ações adicionais até estarmos mais confiantes de que a inflação voltará à meta em tempo hábil", acrescentou ela.
Falando na Espanha, de Guindos disse ainda que o BCE tem de "permanecer focado em reduzir o apoio à demanda e proteger-se contra o risco de um crescimento persistente das expectativas de inflação".
Tanto ele quanto Lagarde disseram que os governos devem manter o apoio "temporário" e "direcionado" às famílias afetadas pela atual crise de inflação.
Na quinta-feira, Lagarde disse que o BCE não pode simplesmente imitar o Fed porque as condições econômicas são diferentes na zona do euro e nos Estados Unidos, um ponto também ressaltado pelo membro do conselho do BCE, Fabio Panetta, e pelo presidente do Banco da Itália, Ignazio Visco.
(Reportagem de Francesco Canepa)