Por Daphne Psaledakis e Alissa de Carbonnel
BRUXELAS (Reuters) - Uma iniciativa da maioria dos países da União Europeia para que o maior bloco econômico do mundo se torne neutro em carbono até 2050 foi reduzida a uma nota de rodapé em uma cúpula realizada na quinta-feira, devido à forte resistência da Polônia, República Tcheca e Hungria.
França e Alemanha tinham liderado os esforços do bloco de 28 membros para dar o exemplo estabelecendo uma nova meta climática ambiciosa antes das conversas climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) de setembro, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, boicotará.
Mas era preciso ter unanimidade, e esforços de persuasão de última hora durante o que diplomatas descreveram como conversas "fervorosas" que se arrastaram por quatro horas não apaziguaram os temores dos Estados do centro e do leste europeus, incluindo a Estônia, de que a iniciativa afetaria economias como as suas, dependentes da energia nuclear e do carvão.
Líderes da UE pediram ao Banco de Investimento Europeu (EIB, na sigla em inglês) para incrementar o financiamento climático e reconheceram as diferenças vastas nas combinações de fontes energéticas do continente, mas a Polônia não cedeu.
"Precisamos de coisas concretas na mesa", disse o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki. "Que dinheiro adicional pode ser alocado para a Polônia para que não acabemos em posição de impedimento?"
Em uma medida incomum, que ainda assim envia uma mensagem forte ao empresariado, 24 dos líderes da UE preferiram limitar seu apoio à meta de 2050 em uma nota de rodapé no comunicado final:
"Para a grande maioria dos Estados-membros, a neutralidade climática precisa ser alcançada até 2050".
Desde que o presidente francês, Emmanuel Macron, lançou em março a ofensiva para a UE absorver tanto quanto emite até meados do século, assim com outras três nações, o apoio vem aumentando, o que mostra a proeminência política crescente da luta contra o aquecimento global.
Abordando as resistências durante a cúpula, a chanceler alemã, Angela Merkel, ressaltou os meses de protestos climáticos de jovens que ajudaram partidos verdes a conseguirem seus melhores resultados da história nas eleições parlamentares europeias de maio.
Após a cúpula, Macron disse que o apoio crescente de países do bloco para a meta de 2050 – de 4 em março para 24 na quinta-feira – mostrou a credibilidade do engajamento da UE com o acordo climático de Paris.
(Reportagem adicional de Gabriela Baczynska, Jan Strupczewski, Sabine Siebold, Andreas Rinke e Jean-Baptiste Vey em Bruxelas e Jan Lopatka in Praga)