Por Robin Emmott e Kate Abnett
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia precisa colocar seu Orçamento plurianual no centro do plano de recuperação econômica do bloco, disseram duas das principais autoridades da UE nesta quarta-feira, provavelmente provocando mais batalhas entre os Estados membros sobre como pagar por isso.
Já enfrentando uma lacuna de financiamento deixada pela saída do Reino Unido da União Europeia, Estados mais ricos, como a Alemanha, resistiam antes mesmo da crise do coronavírus, adiando mais recentemente as decisões para um fundo temporário de recuperação econômica.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ex-ministra da Defesa da Alemanha, afirmou que o Orçamento maior para os sete anos deve ser "uma resposta europeia" para uma crise que reduzirá drasticamente a produção econômica este ano nos países do bloco.
"O próximo Orçamento europeu tem que ser a resposta europeia à crise de coronavírus", afirmou von der Leyen em uma entrevista à imprensa com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que presidirá uma cúpula em videoconferência dos líderes do bloco em 23 de abril.
"Para isso ser possível, precisa ser diferente, completamente diferente dos Orçamentos europeus normais", acrescentou.
Michel também pediu um "Plano Marshall", aludindo à reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, e disse que os líderes da UE devem considerar reformular os planos de Orçamento da UE para 2021-27 durante sua videoconferência.
"Não estamos falando de um bilhão (euros), estamos falando de um trilhão, observando a iniciativa de investimento que precisa ser feita", disse von der Leyen.
As negociações sobre o próximo Orçamento comum de longo prazo da UE, de cerca de 150 bilhões de euros por ano, foram lançadas há dois anos, com a França buscando proteger subsídios agrícolas e a Holanda querendo um Orçamento menor do que quando o Reino Unido era uma membro.
Mas o impacto destrutivo do coronavírus afastou o debate sobre se a UE deveria gastar mais em defesa e tecnologia comuns para ajudar governos da zona do euro, como Espanha e Itália, a enfrentar o choque econômico de longos períodos de isolamento.
Von der Leyen também pareceu sugerir que um Orçamento maior da UE elimina a necessidade de dívida emitida em conjunto pelos governos da zona do euro, à qual os Países Baixos e a Alemanha se opõem.
(Reportagem de Gabriela Baczynska, Robin Emmott, Kate Abnett)