FORT DE BRÉGANÇON, França (Reuters) - Vladimir Putin refutou o presidente francês nesta segunda-feira, dizendo que não quer protestos de "coletes amarelos" emergindo como na França depois que Emmanuel Macron exortou o presidente russo a acatar os princípios democráticos na esteira de semanas de manifestações em Moscou.
Macron, que recebeu Putin em sua residência de verão no sul francês cinco dias antes de atuar como anfitrião da cúpula do G7, está disposto a mostrar que Moscou não está em ostracismo, apesar de ter sido expulsa do grupo de nações ricas após sua anexação da ucraniana Crimeia em 2014.
Apesar de as conversas se concentrarem em crises internacionais, Macron procurou questionar Putin sobre a situação interna da Rússia. Moscou vem sendo abalada por protestos semanais há mais de um mês desde que as autoridades impediram candidatos de oposição de concorrerem à eleição para o Legislativo da cidade em setembro.
"Pedimos neste verão liberdade de protesto, liberdade de expressão, liberdade de opinião e liberdade de concorrer em eleições, que deveriam ser plenamente respeitadas na Rússia, como em qualquer membro do Conselho da Europa", disse Macron em uma coletiva de imprensa antes da reunião dos dois.
Embora tenha ignorado o comentário inicialmente, Putin retrucou rapidamente após uma nova pergunta sobre os protestos em Moscou, dizendo que as coisas estão sendo tratadas de acordo com a lei, mas que não quer que a situação tome um rumo como o da França.
"Todos nós sabemos sobre os eventos ligados aos chamados coletes amarelos, durante os quais, de acordo com nossos cálculos, 11 pessoas foram mortas e 2.500 ficaram feridas", disse Putin.
"Não iríamos querer que tais eventos ocorressem na capital russa e faremos tudo que pudermos para que nossa situação política doméstica transcorra estritamente dentro do marco da lei."
Os protestos dos coletes amarelos, assim chamados por causa dos coletes de alta visibilidade dos motoristas franceses, começaram em novembro em reação a aumentos no preço dos combustíveis, mas se tornaram uma revolta às vezes violenta contra políticos e o governo.
Macron disse que a comparação com a França foi imprecisa, já que ao menos os manifestantes coletes amarelos podem disputar eleições.
"Aqueles que chamamos de coletes amarelos puderam concorrer livremente nas eleições europeias, disputarão as eleições municipais, e está ótimo assim", disse.
(Por Clotaire Achi e John Irish)