Por Matthew Green
LONDRES (Reuters) - Grandes programas de investimento público sustentável seriam a maneira mais economicamente eficaz de reativar economias abaladas pelo coronavírus e aplicar um golpe decisivo na mudança climática, disseram economistas norte-americanos e britânicos destacados em um estudo publicado na terça-feira.
O estudo, cujos coautores incluem Joseph Stiglitz, detentor do Nobel e membro da Universidade Columbia, e o proeminente especialista climático britânico Lorde Nicholas Stern, apresenta conclusões que provavelmente desencadearão pedidos de "recuperação verde" que já ganham ímpeto em todo o mundo.
"A crise da Covid-19 poderia marcar uma guinada no progresso contra a mudança climática", escreveram os autores, acrescentando que muito dependerá das políticas adotadas nos próximos seis meses.
Agora que as grandes economias estão elaborando enormes pacotes econômicos para suavizar o impacto da pandemia de coronavírus, muitos investidores, políticos e empresários veem uma oportunidade única de impulsionar uma mudança para um futuro de baixo carbono.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediram recuperações verde na semana passada, e o conceito emergiu dos Estados Unidos à Índia e à Coreia do Sul.
Enquanto centros de pesquisa e grupos de investidores também vêm postulando a adaptação das recuperações para acelerar um rompimento com os combustíveis fósseis, o estudo procurou avaliar tais propostas à luz de novos dados.
Seus autores examinaram mais de 700 políticas de estímulo econômico lançadas durante ou desde a crise financeira de 2008 e consultaram 231 especialistas de 53 países, incluindo autoridades graduadas de Ministérios das Finanças e Bancos Centrais.
Os resultados sugerem que projetos verdes, como fortalecer a energia renovável ou eficiência energética para criar novos empregos, dão resultados de curto prazo maiores e levam a reduções de custos maiores no longo prazo na comparação com medidas de estímulo convencionais.
Mas os autores alertaram que há alguns riscos ao se extrapolar crises passadas para se discernir como os pacotes de recuperação do coronavírus podem se desenrolar, dada a possível relutância das pessoas para viajar ou se socializar após a pandemia.