Por Gabriela Baczynska e Marine Strauss
BRUXELAS (Reuters) - O Reino Unido fechou um acordo de última hora sobre a separação da União Europeia nesta quinta-feira, mas ainda enfrenta o desafio de conseguir que o texto seja aprovado pelo Parlamento britânico.
"Onde existe vontade, existe um acordo -- temos um. É um acordo justo e equilibrado para a UE e o Reino Unido, e é um testamento de nosso compromisso de encontrar soluções", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em um tuíte algumas horas antes do início de uma cúpula do bloco em Bruxelas.
Juncker disse que recomendará que os líderes dos outros 27 países-membros do bloco aprovem o acordo.
"Acredito que está na hora de completar o processo de divórcio e seguir em frente, o mais rápido possível, para a negociação da parceria futura da União Europeia com o Reino Unido", disse Juncker em uma carta anexada.
Separadamente, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse: "Temos um ótimo acordo novo para o Brexit".
Johnson agora precisa obter a aprovação do acordo em uma votação a ser realizada em uma sessão extraordinária do Parlamento britânico no sábado para abrir caminho para uma saída organizada em 31 de outubro.
Mas o partido norte-irlandês de que o premiê precisa para ajudar a aprovar qualquer pacto se recusou a apoiar a proposta, que foi decidida após semanas de negociações.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, a principal sigla de oposição britânica, disse em Bruxelas que está "insatisfeito" com o acordo e que votará contra ele. Parlamentares de seu partido disseram que foram orientados a pedir um novo referendo no sábado.
Apesar de tudo, a libra esterlina subiu mais de um 1% e os preços das ações britânicas também avançaram após o anúncio de que se chegou a um entendimento.
Os negociadores trabalharam freneticamente nesta semana para acertar o esboço de um meio-termo na questão da fronteira irlandesa, a parte mais difícil do Brexit, discutindo tudo -- desde as verificações alfandegárias até o tema espinhoso do consentimento do governo da Irlanda do Norte.
A dificuldade é como evitar que a fronteira se torne uma porta dos fundos para o mercado comum da UE sem montar postos de verificação que poderiam minar o Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998, que encerrou décadas de conflito na província.
O pacto manterá a Irlanda do Norte na zona alfandegária do bloco, mas as tarifas só serão aplicadas a bens que cruzarem do território continental do Reino Unido para a Irlanda do Norte se eles forem destinados à Irlanda e ao mercado comum da UE.